O Fórum ‘Viver Livre! Viver Sem Manicômios!’, realizado na Câmara Municipal na noite desta quarta-feira (13/5), apresentou a evolução dos tratamentos psiquiátricos através do regime sem internação. O evento é realizado em parceria da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde e a Área de Saúde Mental, da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) com o apoio da Liderança do PT, na Câmara.
“Esse é um evento de educação permanente e continuada para os trabalhadores na área de saúde mental. Hoje estamos em fórum comemorativo, estamos avaliando tudo que a gente avançou na construção do modelo substitutivo e no avanço da construção dessa rede de trabalho antimanicomial”, ressaltou a coordenadora da área técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da SMS, Myres Cavalcanti.
O encontro é também uma preparação para Conferencia de Saúde. “É uma discussão que tem que ser pautada para que as pessoas tenham liberdade de lidar com esse tipo de ação da questão da doença mental. Não necessariamente precisa trancafiar as pessoas ou fazer ações de medicações muito fortes e deixar a pessoa dopada. Existem outras formas de para tratamento”, afirmou a vereadora Juliana Cardoso (PT).
“Essa discussão vem de muito tempo, desde a luta antimanicomial, que vem cada vez mais se inovando e desenvolvendo ações para que a gente possa ter menos preconceito na sociedade sobre essa questão”, completou a vereadora.
O médico psiquiatra e escritor Paulo Amarante, um dos palestrantes do encontro, destacou os avanços dos tratamentos com o novo modelo adotado pelos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). “Nós fizemos uma transformação muito radical no modelo assistencial. Quando se falava em psiquiatria e saúde mental já se falava em hospício, tanto que 90% da verba de saúde mental eram para pagamento de leitos em hospitais psiquiátricos. Nós vimos que isto não tinha efeito”, disse.
Os CAPS são serviços substitutivos aos manicômios. Os atendidos são recebidos de forma voluntária e trabalham com a inclusão dos usuários na sociedade, através da arte e da economia solidaria. ‘Você vê o cara trabalhando, pintando, bordando e cantando. Temos grupos que estão na área de economia solidária. As pessoas mudaram aquilo que era um prognóstico ruim de uma doença. Nós descobrimos que éramos nós que criávamos, nós que fazíamos este destino. Era muito mais em decorrência de certos preconceitos e estigmas, e não se pode esquecer a classe social dessas pessoas. Nós reinventamos as vidas dessas pessoas, acho que esse é o grande resultado deste trabalho”, concluiu Amarente.
Geraldo de Andrade Junior, um dos atendidos pelo CAPS Perdizes, falou da mudança radical que o tratamento com a inclusão social trouxe para sua vida. “Eu me sinto bem tratado, quando eu cheguei no CAPS eu comecei a participar das atividades, tomando a medicação sempre certinha, tendo um bom acompanhamento da minha médica e da minha psicóloga. Nós temos assistentes social no CAPS também. E fazendo as atividades com meus amigos todos juntos, um ajuda o outro. Isso é muito importante, porque quando você não está em um atendimento como do CAPS você se sente só”.