Especialistas defenderam nesta quinta-feira (30/4), durante o II Fórum Municipal de Autismo – Territorialização e Intersetorialidade dos Serviços -, a necessidade de pessoas com autismo terem atendimento multidisciplinar. Durante o evento realizado na Câmara Municipal de São Paulo, os participantes também sinalizaram para a necessidade de a família receber orientação para lidar com a situação.
“O nosso objetivo com esse fórum é que o poder público perceba a importância da integração entre saúde, educação e o acolhimento da família de pessoas com autismo”, explicou a integrante do Movimento Pró-Autista Ana Ruiz, que tem uma filha e outros familiares com essa patologia.
O trabalho em conjunto de diversos profissionais e o diagnóstico ainda na infância é fundamental para o desenvolvimento do autista. “Na nossa instituição temos uma equipe grande para fazer a avaliação do paciente e também atender a família, explicando as competências e as dificuldades de quem tem autismo. Além disso, oferecemos assistência para as escolas onde essas crianças estão matriculadas”, explicou o presidente do Centro Pró-Autista, Wanderley Manoel Domingues. “O autismo é o problema mais grave para o desenvolvimento da criança. Por isso, a necessidade de se investir nos tratamentos ainda na infância”, acrescentou.
A pedagoga Márcia Francisca Lombo Machado tem um filho com autismo, o que a motivou a estudar em seu mestrado o tema. Com o título “O espaço da participação e a cidade no cotidiano de famílias de pessoas com autismo”, ela afirmou que ainda há muita exclusão na sociedade. “Faltam escolas inclusivas, os equipamentos de atendimento especializado e de suporte não estão próximos às casas das pessoas, exclusão social e privação e dificuldade de acesso aos direitos”, declarou. “Apesar de tudo isso, parece que o poder público ainda não se deu conta de que se os investimentos não forem feitos ainda quando a pessoa é criança, os gastos serão muito maiores na frente”, explicou.
Esses fatores fazem com que as famílias deixem de ter relações sociais e algumas ficam até mesmo desestruturadas. “A mulher, geralmente, é a principal cuidadora e muitas vezes é deixada pelo companheiro”, afirmou.
O Projeto de Lei (PL) 428/2013, do vereador Natalini, para a criação do programa de proteção à saúde bucal da pessoa com transtorno do espectro do autismo também foi discutido durante o fórum. Para a mediadora do debate e dentista Adriana Gledys Zink, a proposta é importante para estimular a especialização dos profissionais. “No estado de São Paulo temos 80 mil dentistas, sendo que apenas 177 são especialistas em saúde bucal para deficiente. Além disso, é fundamental que um dentista faça parte da equipe multidisciplinar para atender autistas”, declarou.
O autor do projeto e proponente do Fórum sinalizou para a necessidade de mais investimentos do poder público. “O SUS (Sistema Único de Saúde) não tem dinheiro e o Governo Federal tem custeado cada vez menos o sistema. Essa situação faz com que fique complicado oferecer um tratamento de qualidade para a sociedade, o que seria de direito”, explicou. “Nós estamos dispostos a ajudar e tenho certeza que a nossa lei vai ser aprovada”, disse.