A coordenadora do núcleo de engenharia do Hospital das Clínicas, Daisy Figueira, garantiu nesta quarta-feira (8/4) que a instituição tem um plano de contingência em caso de falta de água em São Paulo. De acordo com ela, alguns prédios têm capacidade para ficar até nove dias sem abastecimento.
Durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), instalada na Câmara para estudar o contrato entre a prefeitura e a Sabesp – responsável pelo abastecimento do município -, Daisy explicou que o Hospital das Clínicas adota medidas para reduzir o consumo de água desde 1996. “Estamos preocupados com a economia faz muito tempo e, por isso, trocamos todas as bacias sanitárias que antes eram de 12 litros por acionamento, para seis litros, equipes fazem vistorias três vezes por dia para identificar possíveis vazamentos e temos poços autossuficientes”, afirmou.
Em caso de falta de água, a coordenadora contou que os prédios de Ortopedia, Pediatria, Psiquiatria e em Suzano (SP) não dependem da água da Sabesp para o abastecimento. “Nunca faltou água em nenhuma das unidades. Mas, em caso de faltar água totalmente, temos uma reserva com capacidade para abastecer o hospital por nove dias. Se for necessário, um prédio também pode auxiliar o outro”, contou Daisy. Ela também acrescentou que a Sabesp disponibilizou um número emergencial para dar suporte e que o Hospital das Clínicas contaria com caminhões-pipa.
Na reunião desta quarta-feira, o engenheiro civil do Hospital Maternidade Vila Novo Cachoeirinha, na zona norte, Leandro Borges Norinho, apresentou as medidas adotadas pela concessionária para evitar que a instituição fique sem água. “No início do ano, a Sabesp fez uma ligação direta de uma adutora para a maternidade para não faltar água e podermos manter as atividades”, explicou. Caso o reservatório fique sem água, ele revelou que eles teriam capacidade para suprir o abastecimento por apenas cinco dias.
Para o presidente da CPI, vereador Laércio Benko (PHS), a situação do Hospital das Clínicas é preocupante. “São Paulo vai demorar para resolver a crise hídrica. O caso do Vila Nova Cachoeirinha não me preocupa, porque eles estão com uma adutora exclusiva para eles e a Sabesp pode administrar da melhor maneira para garantir o abastecimento constante. No entanto, o Hospital das Clínicas depende de caminhões-pipa, e eles [concessionária], precisam ter outro plano, pensar em outras medidas para que essa não seja a única maneira de a instituição ter água”, disse.
Relatório
O relator da CPI, vereador Nelo Rodolfo (PMDB), entregou à Benko nesta quarta-feira o pré-relatório dos trabalhos desenvolvidos pelo colegiado. No documento foram apresentadas 43 sugestões de melhorias do contrato entre a prefeitura e a Sabesp. Entre elas, a transferência da fiscalização do trabalho da concessionária para o município, atualmente feita pelo Estado.
“Seria igual à Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), mas seria municipal. E essa medida não geraria nenhum ônus para o município, já que uma parte da receita da Sabesp é destinada automaticamente à manutenção da agência estadual. Por isso, nada mais lógico do que transferir essa taxa de fiscalização à agência municipal, que deverá ser composta por pessoas capacitadas e independentes que deverão trabalhar para melhorar o serviço”, afirmou Rodolfo.
Para ele, poucas alterações serão feitas no relatório que será aprovado pela CPI. “Neste documento tem sugestões de todos os vereadores, a base está pronta. Será necessário revisar o contrato estabelecido em 2010 entre a Sabesp e a prefeitura”, disse.