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Impacto da internet no aumento do tráfico de animais silvestres é discutido em CPI

Por: DANIEL MONTEIRO
DA REDAÇÃO

17 de agosto de 2022 - 13:33
André Bueno | REDE CÂMARA SP

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Animais ouviu, nesta quarta-feira (17/8), o coordenador-geral da Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), Dener Giovanini, e discutiu os impactos que a internet e as redes sociais trouxeram para o aumento do comércio ilegal de animais silvestres e exóticos no país.

Convidada a colaborar com a CPI, a Renctas é uma organização social de interesse público que atua em diferentes áreas, entre elas o combate ao tráfico de animais silvestres. Fundada em 1999, a organização luta pela conservação da biodiversidade e desenvolve ações em todo o Brasil, por meio de parcerias com a iniciativa privada, o Poder Público e o terceiro setor.

Um dos pontos destacados pelo coordenador-geral da Renctas na CPI foi o impacto da internet e das redes sociais no aumento do tráfico ilegal de animais silvestres e exóticos no país. “Além dessa grande vitrine que o traficante de animais tem com a internet, ele possui uma outra grande vantagem, que é o anonimato. Ele consegue facilmente se disfarçar através de perfis fakes e consegue esconder sua atividade criminosa, esconder sua identidade e agir com uma maior impunidade do que se ele estivesse exposto em uma feira livre, onde a polícia poderia chegar e prendê-lo em flagrante”, explicou Giovanini.

“Então o flagrante, no mundo virtual, praticamente não existe, porque esse comércio ocorre a todo momento, em qualquer tempo e está em todos os lugares virtualmente. Essas foram as duas grandes vantagens que as redes sociais trouxeram para o comércio de animais silvestres no Brasil”, acrescentou.

O coordenador-geral da Renctas ainda falou sobre como esse tráfico ocorre. “Os traficantes se aproveitam da nossa grande extensão territorial para poder entrar e sair do Brasil com animais silvestres ou animais exóticos. Eu, hoje, não tenho dúvida nenhuma em afirmar que a Amazônia é a principal porta de entrada e a principal porta de saída de animais silvestres do Brasil, ao lado da região da tríplice fronteira”, afirmou.

Giovanini também comentou a mudança no perfil do tráfico de animais. Segundo ele, o Brasil, que sempre foi conhecido por exportar ilegalmente fauna exótica, agora também tem se tornado importador desses animais. “Infelizmente, a nossa capacidade de reprimir essa atividade ilegal, de animais que entram na nossa fronteira, está muito pequena. E hoje o Brasil já vem ocupando um lugar de destaque não apenas como um país exportador de fauna silvestre, mas também um lugar de destaque como um país importador de fauna exótica”, enfatizou.

Nesse sentido, o coordenador-geral da Renctas alertou para o aumento da importação de animais peçonhentos e os perigos que eles representam. “Nós estamos importando muitas serpentes, aranhas, escorpiões, principalmente de países asiáticos, de países do continente africano, da Austrália”, disse. “São animais que representam um extremo perigo não só para quem compra e mantém esses animais dentro de casa, mas é um perigo para os familiares dessas pessoas, que dividem o mesmo ambiente, também para os vizinhos e, eu diria, até para toda a população”, completou Giovanini.

Por fim, o coordenador-geral da Renctas criticou a falta de ações concretas das empresas de tecnologia responsáveis pelas principais redes sociais em coibir o comércio irregular de animais silvestres e exóticos e apresentou números relacionados à prática. “Há cerca de dois anos nós entregamos ao Ministério Público Federal aproximadamente 3,5 milhões mensagens envolvendo comércio ilegal de animais nas redes sociais”, destacou.

“Hoje, na Renctas, nós fazemos monitoramento de grupos de WhatsApp e monitoramento de grupos de Facebook. Eu posso afirmar para vocês, sem medo de errar, que todos os dias os telefones que nós utilizamos para fazer esse monitoramento têm milhares e milhares de mensagens envolvendo o comércio ilegal de animais silvestres. É uma quantidade absurda”, concluiu Giovanini.

Presidente da CPI dos Animais, o vereador Felipe Becari (UNIÃO) comentou as informações trazidas pela Renctas. “Eles agregam muita técnica. Espero que eles estejam muito perto da gente na construção do relatório, inclusive, e que possam trazer os fins que queremos, que é nada mais do que diminuir ou acabar, quem sabe, com esse tráfico ilegal de animais silvestres”, pontuou Becari.

Também participaram a vice-presidente da Comissão, vereadora Ely Teruel (PODE), o relator dos trabalhos, vereador Rodrigo Goulart (PSD), além dos vereadores Arselino Tatto (PT), Professor Toninho Vespoli (PSOL) e Sandra Tadeu (DEM). A íntegra da reunião está disponível aqui.

A Comissão

A CPI dos Animais foi criada para apurar todas e quaisquer irregularidades no comércio ilegal de animais, desde a criação clandestina, o comércio ilegal em todas as suas formas e facetas, além de crimes envolvendo animais, como estelionatos de supostas ONGs (Organizações Não Governamentais).

 

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