Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (28/4), o Governo do Estado de São Paulo anunciou o início da produção do primeiro lote de 18 milhões de doses da Butanvac, primeira vacina feita inteiramente no Brasil para o combate à Covid-19. De acordo com o cronograma da administração estadual, as doses da vacina estarão disponíveis já na primeira quinzena de junho, após processo de aprovação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).
A produção vai alcançar 40 milhões de doses e a capacidade de produção da fábrica do Instituo Butantan é para 100 milhões de doses até o final deste ano. “No ritmo que o Butantan tem trabalhado, se houver velocidade na aprovação da Anvisa, ainda neste ano o Butantan poderá produzir até 150 milhões de doses da Butanvac”, afirmou o governador João Doria (PSDB).
A tecnologia para obtenção do IFA da Butanvac já está disponível na fábrica de vacinas contra a gripe do Instituto, e usa o cultivo de cepas em ovos de galinha, que gera doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos. A Butanvac utiliza o vírus da Doença de Newcastle geneticamente modificado, desenvolvido por cientistas norte-americanos na Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York (EUA). O vetor viral contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra.
A iniciativa do novo imunizante faz parte de um consórcio internacional do qual o Instituto Butantan é o principal produtor, responsável por 85% da capacidade total, e tem o compromisso de fornecer essa vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda.
Na última sexta-feira (23/4), o Instituto Butantan enviou à Anvisa o protocolo de estudo clínico da Butanvac. Assim que autorizados pelo órgão regulador nacional, os estudos de fase 1 e 2 em humanos começarão imediatamente, com 1,8 mil voluntários. A fase 3, com maior escala de participantes, deverá incluir 9 mil pessoas.
Os estudos da Butanvac deverão ser conduzidos em um processo muito rápido, a partir de comparativo de respostas vacinais em relação a ensaios clínicos já realizados. Por isso o Butantan espera ter em breve a autorização para os testes.
Os ensaios clínicos da nova vacina deverão durar cerca de 20 semanas. Serão feitos com voluntários adultos a partir de 18 anos de idade. Tanto quem já tomou a vacina quanto quem já teve Covid-19 poderão ser incluídos nos testes.
A produção-piloto do composto da vacina já foi finalizada para aplicação em voluntários humanos durante os testes.
Coronavac
Ainda durante a coletiva, foi anunciada, pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, a liberação de mais 600 mil doses da Coronavac, que serão enviadas nesta sexta-feira (30/4) ao Ministério da Saúde. Já foram entregues 41,4 milhões de vacinas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) e com a entrega antecipada, prevista anteriormente para o dia 3 de maio, serão 42 milhões. No mês de março, foram disponibilizadas ao Ministério da Saúde 22,7 milhões de doses, em fevereiro foram 4,85 milhões e em janeiro mais 8,7 milhões de unidades. Em abril, até o último dia 19, foram liberadas 5,2 milhões de doses.
Fase de Transição
O governador João Doria anunciou também nesta quarta-feira a prorrogação da fase de transição do Plano São Paulo para todo o Estado até o dia 9 de maio.
Com o recuo gradual de indicadores de casos, internações e mortes por Covid-19, o Estado fixou horário estendido das 6h às 20h para atendimento presencial limitado a 25% de capacidade em comércios e serviços não essenciais. O horário estendido vale a partir do próximo sábado (1/5) para estabelecimentos comerciais, galerias e shoppings. O mesmo expediente poderá ser seguido por serviços como restaurantes e similares, salões de beleza, barbearias, academias, clubes e espaços culturais como cinemas, teatros e museus. Lembrando que até a próxima sexta-feira, (30/4), continua a vigorar o horário atual das 11h às 19h.
Mais sobre o novo coronavírus
De acordo com o boletim diário publicado pela Secretaria Municipal de Saúde sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta quarta-feira (28/4) a capital paulista totalizava 27.027 vítimas da Covid-19.
Havia, ainda, 1.006.763 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia 1.233.478 pessoas haviam recebido alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, nesta quarta-feira (28/4) a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo é de 78,1%.
Já o índice de isolamento social na cidade de São Paulo na última terça-feira (27/4) ficou em 40%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
A Câmara durante a pandemia
Nesta quarta-feira (28/4), foi realizada a primeira reunião do Comitê Emergencial de Crise do Emprego e da Renda, uma iniciativa criada pela Comissão de Finanças e Orçamento para garantir o diálogo do Poder Público com trabalhadores, empresários, entidades representativas e conselhos, a fim de articular e promover medidas para combater os efeitos econômicos e sociais causados pela pandemia.
O primeiro tema discutido foi o impacto econômico da crise para micro e pequenos empreendedores. Presente à reunião, o presidente da Alampyme-BR (Associação Latino Americana de Micros Pequenas e Médias Empresas), Sérgio Miletto, disse que é urgente discutir propostas que auxiliem os empreendedores. Entre as medidas sugeridas por ele está a expansão do POT (Programa Operação Trabalho) da Prefeitura de São Paulo, um projeto que atende o trabalhador desempregado e incentiva a reinserção no mercado.
A CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa) aprovou durante reunião ordinária semipresencial nesta quarta-feira o parecer de legalidade ao PR (Projeto de Resolução) 4/2021, que cria a Frente Parlamentar de Fiscalização, Acompanhamento e Controle do processo de evolução da vacinação contra a Covid-19 na cidade. De acordo com o texto, a Frente Parlamentar terá caráter suprapartidário e será constituída mediante a livre adesão dos vereadores, com a finalidade de contribuir com o aprofundamento do debate, da formulação e da implementação de políticas públicas que promovam garantir a máxima lisura, transparência e proteção do cidadão paulistano na evolução da aplicação das vacinas contra a Covid-19 na cidade de São Paulo.
Ações do município
A cidade de São Paulo inicia nesta quinta-feira (29/4) a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 na população com 63 anos de idade. A Secretaria Municipal da Saúde espera que mais de 116 mil pessoas nessa faixa etária sejam vacinadas.
Com a inclusão do novo grupo, a secretaria reabre os 20 grandes postos que operam exclusivamente em sistema drive-thru, que realizarão apenas a vacinação de primeira dose de idosos com 63 anos ou mais. No sábado, feriado de 1º de maio, Dia do Trabalho, estas unidades serão fechadas temporariamente.
O novo grupo elegível na campanha de imunização poderá também procurar uma das 468 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), as 17 unidades do Serviço de Atenção Especializada, os três Centros de Saúde, as AMA/UBS Integradas e os postos volantes, que incluem farmácias, igrejas, supermercados, escolas, praças e UBS com drive-thru.
A Secretaria de Saúde recomenda que a ida aos locais de vacinação aconteça de maneira gradual, evitando aglomerações e longas filas nos postos. Para agilizar o tempo de atendimento, é importante preencher o pré-cadastro no site Vacina Já. Basta inserir dados como nome completo, CPF, endereço completo, telefone e data de nascimento para concluir o cadastro.
Quem tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19 precisa tomar a segunda para ficar resguardado. O intervalo entre uma dose e outra é de 21 a 28 dias para a Coronavac e de 12 semanas ou 84 dias para a vacina da Oxford / AstraZeneca / FioCruz, também chamada AZD1222 ou Covishield, conforme estiver grafado no comprovante de vacinação. As duas doses precisam ser necessariamente do mesmo laboratório.
Todos os detalhes da campanha de vacinação contra a Covid-19 estão reunidos na página Vacina Sampa.
- *Ouça abaixo a versão podcast do boletim Coronavírus
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