Ângelo Dantas / CMSP
Os 300 anos da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo foram celebrados nesta sexta-feira em sessão solene realizada pela Câmara Municipal de São Paulo. O evento foi uma iniciativa do vereador Jamil Murad (PCdoB).
Criada para abrigar a religiosidade do povo negro, impedido de frequentar as mesmas igrejas dos brancos, a irmandade passou a ser considerada um símbolo de resistência dos movimentos de consciência negra no Brasil.
Em São Paulo, a primeira capela foi construída em 1711 na Praça Antonio Prado, antigo Largo do Rosário, por um grupo de católicos negros que arrecadou humildes contribuições para a sua construção. Alguns anos depois, em razão de projeto de urbanização na área, o local foi demolido e reconstruído gratuitamente por trabalhadores negros no Largo do Paissandu em 1906, onde permanece até hoje.
Para Jamil Murad, a sessão solene desta sexta-feira “simboliza a homenagem do povo de São Paulo a esses paulistanos e brasileiros que ajudaram a construir tudo, não só a nossa cidade, mas todo um país”. “Fala-se muito que o Brasil é a sétima economia do mundo, que está criando empregos, melhorando a distribuição de renda, mas não se fala que tudo isso foi conquistado graças à participação do povo negro. Esses brasileiros não são minoria. Eles são mais de 50% da nossa população”, disse.
“Esse evento é uma forma de resistência, de mostrar que o povo negro é unido e que tem ideais. Mostra exatamente um polo de resistência”, completou o vereador Netinho de Paula (PCdoB).
Além de Jamil Murad e Netinho de Paula, participaram da mesa da sessão solene Jean Nascimento, presidente da Associação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo; Maria Angélica Rosa Silvestre, juíza da Irmandade; padre Luiz Fernando Nascimento de Oliveira, da Arquidiocese de São Paulo; Mãe Neinha de Nanã, representando as religiões de matrizes africanas; a pesquisadora Antônia Aparecida Quintão; Natalina Lourenço da Silva, coordenadora do Coletivo Antirracismo da Apeoesp; Celso Fontana, do SOS Racismo; Mauricio Pestana, da revista Raça Brasil; Roque de Souza, pesquisador do Centro Cultural; Julião Vieira, representando a deputada Leci Brandão; e Nair Aparecida Novaes, coordenadoria dos Assuntos da População Negra.
(09/12/2011 – 16h57)