RenattodSousa/CMSP
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara ouviu nesta quinta-feira (20/6) os relatos de diversos jornalistas que foram agredidos pela polícia no protesto do último dia 13. Os profissionais afirmaram que havia um “clima de revanche” no dia e que a categoria foi atacada deliberadamente pela tropa.
Na ocasião, a manifestação foi marcada pelos “excessos policiais”, como afirmou posteriormente o prefeito Fernando Haddad. Centenas de pessoas foram detidas, muitas por portar vinagre utilizado por manifestantes para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo e dezenas ficaram feridas.
A fotógrafa Marlene Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, relatou que recebeu um disparo de bala de borracha pelas costas, quando fugia da Tropa de Choque. “Parecia que a polícia estava praticando tiro ao alvo”, ironizou. “Minha impressão é que a polícia estava com espírito de revanche naquele dia.”
Felipe Araújo, fotógrafo do Estado de S. Paulo, contou que foi atropelado intencionalmente por uma viatura quando estava no meio-fio, registrando a passagem de um comboio.
“O policial que me atropelou nem parou para saber o que aconteceu. Duas ou três viaturas passaram quando um policial desceu de uma delas e gritou comigo, me mandando levantar. Eu disse que tinha acabado de ser atropelado, mas ele continuou gritando mesmo assim. E depois não me socorreu”, afirmou Araújo.
Ele e outros jornalistas que deram seus depoimentos enfatizaram que sentiram uma postura diferente da polícia em relação aos profissionais da imprensa, que teriam se tornado alvos naquele dia.
A comissão também ouviu Kátia Passos, mulher do fotógrafo Sérgio Passos, da Futura Press. Ele foi atingido por uma bala de borracha e pode perder a visão do olho esquerdo. Passos continua internado e, segundo ela, não tem previsão de alta.
“Enquanto isso, o poder público não se pronuncia. Não só sobre ele, mas sobre todas as vítimas da violência que ocorreu naquele dia”, desabafou Kátia, visivelmente emocionada.
Desculpas
Chamado para comentar a ação da Polícia Militar na ocasião, o coronel Glauco Carvalho, que chefia a área de policiamento comunitário e direitos humanos da corporação, se retratou com os jornalistas.
“Eu gostaria de me desculpar, pela instituição, com todos os jornalistas que sofreram lesões por conta da ação policial”, afirmou o PM, que garantiu que todas as suspeitas de abuso policial estão sendo investigadas.
Para garantir a transparência do processo, o vereador Orlando Silva (PCdoB) fez um requerimento para que a polícia envie toda a documentação das investigações para a comissão. O pedido foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares presentes.
(20/6/2013 16h40)