RenattodSousa/CMSP
A Câmara Municipal lançou nesta sexta (21/6) o relatório final dos trabalhos de 2012 da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, que investigou as violações aos direitos humanos realizadas no município de São Paulo durante o período da ditadura militar. O livro que reúne o material será distribuído gratuitamente a escolas e na Internet.
Membro do colegiado em 2012 e atual presidente da comissão, o vereador Natalini (PV) acredita que o país está aproveitando a oportunidade de levar à tona a verdade dos fatos sobre o regime militar. Para o parlamentar, os trabalhos de diversas comissões instaladas pelo país estão construindo um retrato mais fidedigno da história do período.
Cada pessoa dá a sua versão, mas se você sobrepuser todos os depoimentos, você vai ver que eles convergem, mostram que a tortura foi um fato, que a ditadura foi muito cruel, muito sangrenta, declarou Natalini.
O evento contou com a participação do rabino Henry Sobel, que entrou para a história da luta contra a ditadura quando se recusou a enterrar o jornalista Vladimir Herzog como suicida a versão oficial do regime foi a de que Herzog havia dado cabo à própria vida, e não assassinado. O silêncio é o pior recado, afirmou o rabino, defendendo o aprofundamento das investigações sobre o período.
Para o presidente da Câmara, José Américo (PT), o próximo passo da comissão deveria ser investigar o apoio do empresariado da cidade à ditadura. Nós precisamos saber da participação do PIB paulistano nas ações ilegais do regime militar naquela época, disse o petista, lembrando que a Operação Bandeirante começou como uma organização financiada por empresários para promover o terror estatal.
Vala de Perus
Presidente da comissão até o final do ano passado, o ex-vereador Ítalo Cardoso (PT) destacou a retomada das investigações sobre a vala de Perus, onde foram encontradas 1.049 ossadas de indigentes e presos políticos enterrados sem identificação.
Nós conseguimos fazer esse resgate. Trazer para os dias atuais a importância de retomar aquela investigação, acredita Cardoso.
Tereza Lajolo, que presidiu a CPI que em 1990 investigou a vala de Perus, disse que ainda resta muito a ser investigado no assunto. São mais de mil ossadas. Nós sabemos que, de presos políticos, são seis, três identificados. E os outros três? E as outras milhares de ossadas, de quem são?, questionou a ex-vereadora.
RenattodSousa/CMSP
(21/6/2013 20h55)