Índice de mortes continua alto. Em São Paulo, 2,5 pessoas morrem, em média, por dia devido a acidentes
O mês de maio é conhecido em todo o Brasil pelas campanhas de conscientização sobre acidentes no trânsito. Em 2024, o Maio Amarelo traz como tema ‘Paz no Trânsito Começa por Você’, proposta para conscientizar motoristas, pedestres e ciclistas sobre a importância de um comportamento seguro no trânsito. A campanha, tradicionalmente marcada por uma série de atividades, busca chamar a atenção para o alto índice de acidentes de trânsito, promovendo ações para a redução.
Dados do Infosiga SP (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de trânsito do Estado de São Paulo) – sistema do Governo do Estado gerenciado pelo programa Respeito à Vida e pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito) – indicam que a capital paulista manteve no primeiro trimestre deste ano o patamar de acidentes fatais em relação ao mesmo período do ano passado. O gráfico abaixo exemplifica os três primeiros meses do ano, sendo que em 2023 foram 233 acidentes com vítimas que vieram a óbito e este ano somaram 237.
Nos últimos dez anos, a curva de acidentes fatais em São Paulo variou bastante. Após bater recorde em 2015, com 1.129 mortes no trânsito, os números marcaram queda até 2021. Em 2022 e 2023 os índices voltaram a ultrapassar a marca das 900 mortes por ano, em média 2,5 mortes por dia. No último ano, a alta dos óbitos foi mantida como indica o gráfico abaixo.
Nestes últimos dez anos, os acidentes de moto com vítimas fatais lideram o ranking, computam 428 casos, seguido por acidentes envolvendo pedestres (358) e automóveis (130).
Em entrevista à Rede Câmara SP, Rodrigo Ribeiro, porta-voz de Comunicação e Marketing do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), explicou que a campanha deste ano começa por cada motorista, sendo que a preocupação é ele. No entendimento do Observatório, a percepção de risco da população para o trânsito é amena e indiferente, causando preocupação em especialistas.
“É importante discutir isso hoje em dia, então nós fizemos um paralelo, principalmente, por um momento que a gente vive no mundo. Essa mensagem tem uma relação ainda com a polarização política que vivenciamos. O comportamento que a gente tem no trânsito é reflexo do nosso dia a dia, então a gente quis trazer esse paralelo justamente para que a gente tenha mais paz no trânsito, que ele seja mais harmonioso e principalmente com menos mortos e feridos, já que o Brasil ainda é um dos países mais violentos do mundo no trânsito, são cerca de 33 mil mortes no trânsito todos os anos”.
Responsável pelo eixo de impacto social do Maio Amarelo, Rodrigo Ribeiro ainda traçou paralelos para evitar os altos índices de mortalidade no trânsito, visto que entre 80% e 90% das ocorrências acontecem por algum tipo de imprudência relacionada ao fator humano. “São cerca de 80, 90 mortes todos os dias, como será que as pessoas reagiriam ou como que elas veriam um avião caindo no Brasil todos os dias? Isso acontece todos os dias no trânsito, mas as pessoas infelizmente perderam essa percepção do cotidiano”.
Uma análise dos números do Infosiga SP revela, também, que a maior parte dos óbitos envolvem jovens entre 18 e 24 anos, 39 casos fatais este ano representando 16%, e adultos entre 25 e 29, 27 mortes em 2024 o equivalente a 11%. As duas faixas etárias, relacionadas a motoristas mais novos, totalizam 27% das mortes. A maioria dos acidentes deste ano acabaram vitimando motociclistas, que seguem liderando o ranking. São 112 na comparação com 77 atropelamentos.
O fator humano ainda é o principal aspecto a ser trabalhado pelas campanhas de conscientização. “A questão comportamental é muito importante, dou até um exemplo cultural. O motorista que para em uma faixa de pedestres quando vai viajar para outra cidade, é o mesmo que não respeita a sinalização e regras de trânsito da cidade em que vive. A gente precisa ter bons comportamentos em todos os lugares”, complementou o representante do ONSV.
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