Desde a última quinta-feira (17/3), após publicação do decreto 61.149, a Prefeitura de São Paulo estabeleceu que o uso de máscaras deixou de ser obrigatório em ambientes fechados na capital paulista. Contudo, há exceções: as máscaras continuam obrigatórias em locais destinados à prestação dos serviços de saúde e nos meios de transporte público.
A obrigatoriedade se estende às respectivas áreas de acesso, além do embarque e desembarque do transporte coletivo. Veículos de transporte por aplicativo e táxis são considerados de uso público e, portanto, o uso de máscaras deve ser mantido.
Mais sobre o novo coronavírus 1
De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, até esta segunda-feira (21/3), a capital paulista totalizava 41.884 vítimas da Covid-19. Havia, ainda, 1.895.030 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, os dados mais recentes mostram que a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade e Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo, nesta segunda-feira (21/3), é de 29%. Já a ocupação de leitos de enfermaria está em 25,9%. No Estado, a taxa de ocupação em UTIs está em 26,9% e em 19,8% em leitos de enfermaria. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde.
Ações e Atitudes
Em editorial recentemente publicado no British Journal of Sports Medicine, o professor da FM-USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) Bruno Gualano buscou responder duas perguntas sobre o novo coronavírus: o que a ciência já sabe sobre a relação entre atividade física e Covid-19 e o que ainda precisa ser investigado?
Como resposta, Gualano conta que “algo que foi especulado no início da pandemia e hoje está demonstrado de forma bastante consistente é que pessoas fisicamente ativas tendem a ter uma doença mais branda quando infectadas pelo Sars-CoV-2. O conjunto de pesquisas sobre o tema sugere que, em média, essas pessoas correm entre 30% e 40% menos risco de hospitalização”.
Contudo, o pesquisador faz uma ressalva: os estudos foram feitos em países diferentes (com populações genética e demograficamente distintas) e investigaram desfechos variados – alguns olharam para admissão hospitalar e outros para internação, por exemplo. Também há variação no que se refere à definição de Covid-19 grave.
De modo geral, os trabalhos já publicados consideram como fisicamente ativos os indivíduos que realizam ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana ou 75 minutos de exercícios com alta intensidade, como é preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
O professor da FM-USP argumenta que, geralmente, quem segue essa recomendação tende a ser mais jovem, menos obeso e a ter menos doenças crônicas. Mas, mesmo quando se controlam esses fatores de confusão [por meio de análises estatísticas], a prática de atividade física se associa a um melhor prognóstico, ou seja, menor chance de hospitalização e de morte por Covid-19.
Como exemplo, pode-se citar um artigo publicado por Gualano e colaboradores também no British Journal of Sports Medicine, em julho de 2021, que mostrou que atletas profissionais geralmente desenvolvem a doença leve quando infectados. O pesquisador ainda comenta que nesse estudo, foi levantada a hipótese de que a proteção pode ser ainda maior no caso de pessoas com alto nível de atividade física, como é o caso de atletas profissionais. Mas isso é algo que ainda precisa ser confirmado.
Por outro lado, há evidência de que o desempenho dos atletas pode ser afetado pelos sintomas persistentes da infecção (a chamada Covid longa), entre eles a fadiga. Especula-se ainda que os atletas correm mais risco de desenvolver uma inflamação no coração [miocardite ou pericardite] após contrair a doença, mas os estudos sobre o tema ainda são controversos, analisa o pesquisador.
Algo que também não está claro é se entre os hospitalizados por Covid-19 o histórico de atleta pode predizer um melhor prognóstico. Pesquisa com 209 pacientes internados no Hospital das Clínicas da FM-USP, coordenada por Gualano, sugere que não. Porém, um estudo espanhol com 552 pacientes, feito de forma retrospectiva e publicado na revista Infectious Diseases and Therapy, concluiu que pacientes graves com histórico de atividade física apresentavam seis vezes menos risco de morrer. No caso desse estudo espanhol, destaca Gualano, o viés de memória não pode ser descartado, uma vez que os questionários foram preenchidos até 120 dias após a alta e, no caso dos pacientes que faleceram, os dados foram fornecidos por parentes.
A capacidade que a atividade física tem de turbinar a resposta vacinal contra a Covid-19, inclusive em pacientes imunossuprimidos, é algo que já foi demonstrado no caso da vacina Coronavac em estudo coordenado pela professora da USP Eloisa Bonfá, do qual Gualano é coautor. O pesquisador afirma que os achados são promissores, pois abrem uma frente de pesquisa interessante e bem atual. “Já se sabe que os imunizantes perdem eficácia com o passar do tempo e a atividade física pode ser uma ferramenta capaz de prolongar essa proteção. Isso já está claro na literatura científica no contexto de vacinas contra outras doenças, como a gripe”, diz Gualano.
*Ouça aqui a versão podcast do boletim Coronavírus desta segunda-feira
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