Raphael Rissato/CMSP
A perseguição a praticantes de umbanda e candomblé durante o regime militar foi o assunto da reunião da Comissão municipal da Verdade nesta terça-feira, quando representantes das religiões vieram à Câmara Municipal. Segundo o umbandista Basilio Filho, não havia perseguição religiosa, porém diversas vezes centros eram invadidos e festejos, interrompidos. Tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo era comum que delegados de polícia entrassem nos terreiros, lembrou.
De acordo com Ortiz, nessa época surgiu entre os policiais civis o código fura-bumbo, termo que delegados utilizam para falar de subalternos que entravam em terreiros de umbanda e quebravam os instrumentos musicais. Para ele, os incidentes eram mais ligados ao preconceito racial, que persiste até hoje.
Já Diamantino Fernandes, autor do livro Memórias da Umbanda do Brasil, a maior repressão aos umbandistas ocorreu durante a Era Vargas. Uma maneira de driblar o controle do Estado, de acordo com ele, era registrar os centros como tendas espíritas. Já no regime militar, a perseguição abrandou: Muitos militares estavam de alguma forma ligados à umbanda, contou, lembrando até de tenentes que tinham pais de santo entre seus assessores.
Ustra
Durante a reunião, os parlamentares comentaram a ida do vereador Natalini (PV) à reunião da Comissão Nacional da Verdade na última sexta-feira (10/5), quando o Coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI durante a ditadura, depôs.
O Ustra só foi depois de ser ameaçado de ser levado à Comissão de forma coercitiva. Seu depoimento foi agressivo e prepotente, ele desfez da Presidente da República e dos membros da comissão, contou o vereador. Ele e o militar discutiram, com o Coronel chamando o parlamentar de terrorista. Natalini contou que foi torturado por Ustra, e que foi a primeira vez que o viu pessoalmente desde então.
Para o vereador Ricardo Young (PPS), a maior preocupação agora é a segurança de Natalini. É um grau de exposição muito alto, que gostaria que essa Comissão (a Municipal) ao menos discutisse, porque essa exposição pode implicar em algum risco à segurança do parlamentar, argumentou. Natalini concordou que a preocupação procede, porém ele disse que não tem medo de qualquer represália que possa ter por conta do ocorrido. (Thais Lancman)
(14/05/2013 15h20)