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Motoristas de aplicativo pedem regulamentação da categoria e criticam atitudes de plataformas de transporte

Por: MARCO CALEJO - HOME OFFICE

23 de junho de 2022 - 20:46

Os motoristas de empresas por aplicativo tiveram a oportunidade de expor opiniões e sugerir melhorias na tarde desta quinta-feira (23/6). Em Audiência Pública da Comissão de Trânsito, Transportes e Atividade Econômica da Câmara Municipal de São Paulo, a categoria relatou dificuldades encontradas no dia a dia pelas ruas da capital paulista.

O preço das tarifas, os banimentos feitos pelas plataformas, o assédio sexual, além da segurança dos profissionais e de quem utiliza o serviço foram alguns pontos discutidos. O debate foi intermediado pelo vereador Marlon Luz (MDB), membro da Comissão de Trânsito e autor do documento que solicitou a audiência.

“A ideia dessa Audiência Pública é ouvir formalmente os motoristas de aplicativo, para reforçar tudo aquilo que eu já traciono dentro dessa Casa. Uma classe tão importante para o município de São Paulo, no sentido de locomover as pessoas com segurança. Foram heróis na pandemia, porque levavam médicos e enfermeiros para hospitais arriscando as suas próprias vidas”, disse Marlon.

O vereador Bombeiro Major Palumbo (PP), que assumiu a cadeira de Arnaldo Faria de Sá na tarde de ontem, também ocupou a vaga no colegiado deixada pelo ex-vereador. Major Palumbo, que é oficial do Corpo de Bombeiros, compartilhou experiências na corporação. Ele considera importante que os motoristas tenham garantida a segurança, não só quanto aos crimes, mas também em relação a eventuais acidentes de trânsito.

“Eu estava de plantão no dia, quando um aplicativo bateu com uma personalidade na Marginal Pinheiros. Ele foi socorrido rapidamente e para o motorista não teve nenhum retrospecto, a não ser um retrospecto negativo. E isso não pode, não podemos permitir que isso aconteça, porque vocês prestam um excelente serviço à cidade. A cidade precisa de vocês”, falou o vereador.

Motoristas de aplicativo

A audiência ouviu mais de 20 motoristas de aplicativo, que apresentaram demandas relacionadas a diferentes temas. Presidente da Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo), Eduardo Lima ressaltou a importância de a Câmara abrir espaço para ouvir as reivindicações da categoria. “Esse é o momento que nós temos para depositar a nossa queixa, a nossa reclamação, para que a partir daqui o nosso vereador Marlon Luz, em conjunto conosco, possa lutar para trazer as soluções”.

Motorista da Uber há três anos, Rafael Cícero foi banido da plataforma por cancelar pedidos de corrida em áreas consideradas de risco. “Eu rodo em Heliópolis, às três horas da manhã. Só quem é motorista de aplicativo sabe o que é entrar em uma favela”.

A mesma reclamação foi apresentada por Dedivaldo Heleno, que foi banido da Uber e do aplicativo 99. “Pela Uber eu tinha 21.960 corridas, e fui banido sem motivo, por coisas que eu não fiz. Os aplicativos são o sustento da minha família. A 99 me bloqueou duas semanas atrás, por um passageiro que me acusou de uma coisa que eu não fiz”.

Evandro Peixoto disse que já fez mais de 17 mil corridas. Ele reclamou da taxa cobrada pelo aplicativo da Uber. “Eu já recebi desconto de 45% em taxa de viagem”.

Além de também falar das taxas, Idernane do Carmo reivindicou melhores tarifas. “Quero colocar na pauta sobre os abusos que os motoristas têm sofrido, tanto das tarifas quanto das taxas”.

Já Thiago Luz cobrou do Executivo e do Legislativo a elaboração de uma lei para regulamentar o trabalho dos motoristas. “Tem que ser uma regulamentação justa. Tem que trazer segurança para os motoristas, para os passageiros e benefícios para a cidade”.

Gustavo Fontes também é a favor de implantar regras na cidade. Ele contribuiu com algumas sugestões. “Na cidade de São Paulo, assim como os taxistas podem utilizar as faixas prioritárias, eu acho que deveríamos ter direito também. Por exemplo, regulamentar para motoristas com mais de mil viagens”.

A motorista Lilian Cristina trouxe relatos sobre assédio sofrido por um passageiro. “Eu não vi um retorno bacana dos aplicativos quando eu sofri alguns assédios. Por exemplo, fui agarrada por um passageiro dentro do carro durante uma corrida. A Uber entrou em contato comigo, conversou um pouquinho e disse que a chance de eu pegar esse passageiro de novo seria mínima. Mas e o passageiro, ele foi banido da plataforma? Ele continua fazendo isso com outras mulheres?”.

Empresas por aplicativo

Presidente da audiência, o vereador Marlon Luz afirmou que a Uber e o aplicativo 99 foram convidados para o debate, porém não compareceram. Ambas as empresas estiveram representadas pela Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia). Em nome da associação, falou André Porto.

“Quero me dirigir aos motoristas parceiros para dizer que as empresas associadas não se furtam ao debate. Elas estão sempre presentes e disponíveis para discutir e debater melhorias. Entendemos sim que existem questões que são setoriais e por isso estamos aqui como associação”, disse André.

De acordo com Porto, as empresas de aplicativo buscam encontrar um equilíbrio para os passageiros e motoristas. Ele também fez um panorama sobre o cenário do setor. “Não é segredo para ninguém que estamos vivendo um período de dificuldades nos cenários nacional e internacional. Um desiquilíbrio causado pela pandemia, subsequente a uma guerra inesperada onde os valores do petróleo têm causado transtornos no ponto de vista econômico e que atinge todos os setores”.

Carlos Shigueo Nishikawa representou a inDriver, aplicativo de transportes de passageiros. Ele disse que “estamos estruturando o nosso departamento de segurança da inDriver. Já reduzimos os índices de segurança de 2020, para 2021 e para 2022. Antes eram 18 incidentes a cada 100 mil viagens, hoje estamos em 12 e nossa meta é reduzir mais ainda”.

Após a conclusão das participações, os vereadores Marlon Luz e Bombeiro Major Palumbo fizeram considerações sobre os pontos tratados na audiência a fim de buscar soluções para os problemas destacados.

Assista abaixo à Audiência Pública na íntegra.

 

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