A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania realizou, nesta quinta-feira (8/11), uma Audiência Pública para discutir o tema “Fortalecer a Democracia – Conhecendo as Lutas dos Movimentos Sociais”. Participaram do evento representantes de 25 movimentos de atuação municipal, estadual ou federal, ligados à moradia, direitos das mulheres, negros e LGBTQs.
Militante da Marcha Mundial das Mulheres, Carla Vitória apresentou números sobre a violência contra mulheres no país, destacando a importância de organizar grupos que lutem pela causa. “Até julho deste ano, foram 27 feminicídios e 118 tentativas registradas. Para nós do movimento feminista, a criminalização dos movimentos sociais se trata de uma reação conservadora, uma forma de controle e também de ameaça. Temos que organizar a resistência para que esses números de violência não cresçam”, declarou.
A presidente da AMAPÔ-SP (Associação de Travestis, Mulheres Transexuais, Homens Trans e LGBT de São Paulo), Nicolle Mahier, reforçou a necessidade da união para tirar o Brasil do ranking de países que mais matam LGBTQs no mundo. “Nós vivemos uma onda de transfeminicídio no Brasil há muito tempo. Só este ano já foram 141 pessoas trans assassinadas, vítimas de crimes de intolerância. O movimento social nunca pode ser parado porque nós defendemos a vida humana e também lutamos por aqueles que não podem lutar”, afirmou Nicolle.
Também presente, o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, falou que a união dos movimentos populares é uma alternativa para fortalecer a militância. “Precisamos unificar a luta, mas não apenas dos movimentos. Todos os setores vão sentir mudanças, a imprensa, o judiciário… Quem preza a democracia vai ter que se unir”, afirmou a liderança do MST.
Para a vereadora Juliana Cardoso (PT), vice-presidente da Comissão, é necessário reagrupar os movimentos sociais e sindicais que lutam pelos direitos humanos. “É o momento de pensar como vamos sobreviver à criminalização dos movimentos. Estamos fazendo várias frentes, e essa Audiência Pública foi uma forma de saber como eles estão se organizando”, afirmou a vereadora.
Presidente da Comissão, o vereador Eduardo Suplicy (PT) destacou a diversidade de representantes na Audiência, se dispondo a colaborar nas futuras discussões. “Estamos preocupados com o discurso de criminalizar esses movimentos. Hoje foi importante para enfatizarmos a todos que, sempre que houver qualquer fato que mereça atenção da Comissão de Direitos Humanos, podem nos reportar, estaremos atentos para tomar as providências cabíveis”, disse o parlamentar.