Ao contrário do que parte da população pode pensar, as mulheres não gostam de ouvir cantadas. De acordo com a pesquisa on-line ‘Chega de fiu-fiu’, 83% das 7.698 mulheres que responderam ao questionário afirmaram não gostar desse tipo de abordagem. O levantamento ainda mostra que 81% delas já deixaram de fazer algo por medo do assédio e 85% disseram que os homens já passaram a mão nelas nas ruas.
Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (12/3) por uma das responsáveis pelo projeto, a socióloga Bárbara Castro, durante debate realizado pela vereadora Patrícia Bezerra (PSDB) na Câmara Municipal de São Paulo para comemorar o Dia Internacional da Mulher.
“Decidimos fazer essa pesquisa a partir do levantamento das experiências que nós já passamos, com o assédio que sofremos nas ruas”, contou Bárbara. “O nosso objetivo é ampliar a conscientização da população sobre a violência que a mulher sofre”, acrescentou.
Ainda de acordo com a pesquisa, 73% das mulheres relataram não responder ao assédio. A socióloga explica que isso é normal, porque muitas vezes elas não se sentem amparadas para isso. “Elas têm medo, vergonha e receio de que o homem possa fazer algo contra. Além disso, nem sempre os que deveriam ouvir os relatos estão preparados para fazer essa acolhida. Mas acho importante dizer algo, porque ele é quem deve ter vergonha pelo seu comportamento”, afirmou.
Para a vereadora Patrícia, esses dados revelam o quanto a nossa sociedade ainda é machista. “É por meio da educação que poderemos promover uma mudança de cultura e o respeito pelas mulheres”, sinalizou.
A socióloga concordou com a parlamentar. “Essa dimensão da violência vem da forma como somos educados, partindo do princípio de que o homem é dominador. O ideal é termos uma formação mais neutra”, declarou Bárbara.
O evento, explicou Patrícia, é importante por divulgar esses dados, mas também para mostrar que as mulheres não devem ser vistas como seres frágeis. “Devemos celebrar as muitas conquistas que tivemos, no entanto, precisamos refletir sobre os avanços e pleitear ao que ainda não nos foi dado e é nosso direito, como receber o mesmo salário que um homem quando ocupamos o mesmo cargo”, disse.