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O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Ivan Seixas, falou nesta quinta-feira à Comissão da Verdade Municipal sobre as torturas a que foi submetido durante a ditadura. Com 16 anos na época em que foi preso, Seixas contou que seu caso foi posteriormente um os mais denunciados no exterior por se tratar de um “menor torturado, que teve o pai assassinado e que foi levado a um hospício-prisão”.
Ivan Seixas disse que junto com seu pai integrava uma organização clandestina de luta armada, “a única forma de oposição possível naquela época”, e que por isso foi capturado pelos agentes da ditadura. “Foi no dia 16 de abril de 1971, quando tinha 16 anos. Fomos levados ao DOI-Codi e torturados um na frente do outro”, relatou.
No dia seguinte à prisão, Seixas foi levado para dentro do Parque do Estado e submetido a torturas psicológicas. “Me deram uma coronhada e começaram a metralhar em volta da minha cabeça, tentando me aterrorizar. Como não conseguiram, voltaram comigo para o DOI-Codi, e no caminho pararam para tomar café. Foi então que vi numa banca de jornal a falsa notícia de que meu pai tinha sido morto num tiroteio, apesar de ele ainda estar vivo e preso. Foi aí que soube antecipadamente que ele seria morto de qualquer jeito”.
De acordo com o presidente do Condepe, sua mãe e suas irmãs também foram capturadas e levadas para o prédio do DOI-Codi, sendo mantidas num espaço que ficava debaixo da sala de tortura. “Elas ouviam os gritos das torturas aplicadas a mim e ao meu pai”, contou. “E à noite, depois de um dia inteiro de tortura e de já terem feito todas as barbaridades imagináveis, meu pai foi assassinado, com golpes de pau na cabeça”, continuou.
Seixas foi mantido no DOI-Codi por um mês, e depois encaminhado para o prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde ficou por mais sete meses. “Lá convivi com outros desaparecidos políticos, que até hoje continuam desaparecidos”, disse. “Vi várias pessoas serem torturadas e assassinadas. Fiquei nas mãos da ditadura por quase seis anos, dos 16 aos 22 anos, sendo os últimos anos na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté”.
Apesar dos episódios sofridos, Ivan Seixas disse “não ter nada contra nenhum dos torturadores”. “Eram pessoas que não tinham o mínimo discernimento de que tortura e assassinato são coisas monstruosas. Mas isso me deixa na obrigação de exigir a punição deles para que nunca mais se repita, e para que a impunidade não sirva de incentivo para novos casos de tortura. Não se pode conviver com esse tipo de procedimento”, finalizou.
(12/7/2012 – 19h40)