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Natalini quer barrar relatório da Comissão Nacional da Verdade

3 de junho de 2014 - 16:00
Luiz França / CMSP
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O vereador Mario Covas Neto (PSDB) fala ao microfone, observado pelo presidente da Comissão da Verdade da Câmara, Natalini (PV)

A Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, está preparando um mandado de segurança para impedir que a Comissão Nacional da Verdade publique o relatório em que afirma que a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek foi acidental tese que contesta as investigações realizadas pelos vereadores paulistanos. As diferentes versões sobre a morte do ex-presidente foram discutidas nesta terça-feira (3/6), em audiência pública realizada na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo).

Durante o encontro, o presidente da Comissão da Verdade da Câmara, Natalini (PV), sinalizou para a necessidade de mais investigações antes de se chegar a qualquer conclusão. Estamos preparando um mandado de segurança para que a Comissão Nacional da Verdade não publique o relatório sem ouvir todos os envolvidos, principalmente os que presenciaram o acidente, firmou o vereador. Estamos hoje aqui na Faculdade de Direito e isso é muito importante, porque o mundo jurídico agora entra no debate, acrescentou.

Para Gilberto Bercovici, professor de direito econômico e economia política da USP, esse mandado de segurança é cabível e viável. É necessário investigar o que aconteceu. Não pode haver deturpação da verdade porque a comissão tem um prazo para fazer seu trabalho. Ao não fazer direito as investigações, isso compromete todas as outras comissões, defendeu.

Aluno de doutorado da universidade, o também advogado Marco Aurélio Braga defende que a Comissão Nacional da Verdade dê continuidade as investigações. Não pode haver empecilhos na busca pela verdade. É necessário que esse colegiado analise todas as provas antes de apresentar seu relatório, afirmou.

O ex-presidente JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro, morreram em um acidente de carro em 1976. Em relatório apresentado no ano passado pela Comissão da Verdade, os vereadores apresentaram mais de 90 provas que contestam a versão do regime militar.

Entre as evidências coletadas pelo colegiado está o depoimento do motorista de ônibus Nunes de Oliveira, que relatou o momento em que o carro em que estava JK “ultrapassou o ônibus pela direita e não fez a curva”. O secretário de JK na época, Serafim Jardim, revelou que o ex-presidente recebia ameaças e estava sendo vigiado por agentes do governo militar. Já o perito criminal Alberto Carlos de Minas relatou ameaças para não vincular o “acidente automobilístico a um atentado político.

A Operação Condor aliança político-militar criada na década de 70 para reprimir grupos e indivíduos contrários aos regimes ditatoriais instalados na América do Sul -, de acordo com a Comissão da Verdade, também poderia estar envolvida na morte do ex-presidente.

As ações desse grupo estão sendo investigadas e estudadas pelo cineasta pernambucano Cleonildo Cruz, que participou da audiência pública desta quinta-feira, e está filmando um documentário sobre o assunto.

A produção do nosso filme Operação Condor Verdade Inconclusa passou meses lendo diversos materiais e conversando com diferentes pessoas para saber mais sobre o assunto e, pelas nossas pesquisas, podemos afirmar que não é possível chegar a nenhuma conclusão. Acho que as comissões da verdade precisam continuar as investigações, porque elas não foram esgotadas ainda, pediu o cineasta. (Da Redação)

(03/06/2014 – 12h56)

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