Na reunião desta quarta-feira (14/9), a Comissão de Educação, Cultura e Esportes recebeu uma comissão de usuários do Mané Garrincha, que questionou o acordo feito pela SEME (Secretaria Municipal de Esportes e Lazer) com o Instituto Tênis, do empresário Jorge Paulo Lemann, em relação ao uso das quadras de tênis do Centro Esportivo, localizado na Vila Clementino, zona sul de São Paulo.
Em agosto de 2021, a Prefeitura fez um chamamento público para que alguma entidade administrasse as quadras de tênis do centro esportivo, oferecendo aulas para crianças carentes. Na ocasião, a RTB (Rede Tênis Brasil), que faz parte do Instituto Tênis, de Lemann, foi a escolhida para ocupar o local que era administrado pela SATI (Sociedade Amigos do Tênis Ibirapuera) há mais 35 anos. Segundo a comissão de usuários do centro esportivo, as quadras de tênis do centro foram construídas pela associação, com autorização da Prefeitura, através de contribuições voluntárias de seus integrantes. Eles ressaltaram que ao longo de mais de três décadas a SATI cuidou da manutenção daquele espaço que pertence ao município.
De acordo com Ana Paula da Conceição, que integra a comissão, desde que assumiu o local, o Instituto de Lemann, vem dificultando o uso do espaço pela população em geral, principalmente os idosos, e que o mesmo não vem oferecendo aulas de forma gratuita para crianças da periferia, como teria sido acordado com a secretaria. “Hoje quem frequenta o espaço são crianças de alto poder aquisitivo, que pagam 2, R$ 3 mil para fazer um treinamento de ponta e com pouquíssimas crianças pobres de fato. Nesses 8 meses o que vimos mesmo foram muitas restrições ao público idoso, que tem sido muito prejudicado com a perda desse espaço para convivência”, afirmou ela.
Para o advogado Evair Daniel de Oliveira, que também integra o grupo de usuários do Mané Garrincha, o acordo de cooperação que a Prefeitura, por meio da SEME, fez com o Instituto Tênis deveria ter tido a participação da população que faz uso frequente do centro esportivo. “Nós cuidamos e zelamos aquele local por mais de três décadas. Um espaço onde toda população era bem-vinda e não pagava para estar ali. Foi um acordo feito na calada da noite e nos pegou de surpresa”, ressaltou o advogado.
Diante da denúncia, o presidente da Comissão de Educação, vereador Eliseu Gabriel (PSB) decidiu, junto com os demais integrantes da Comissão, convidar o secretário municipal de Esportes e Lazer para explicar sobre este acordo com o Instituto Tênis para administrar as quadras de tênis do Centro Esportivo Mané Garrincha. “ Nós vamos convidar o secretário a comparecer na próxima reunião da Comissão para entender o que está acontecendo com aquele espaço, até porque o local é público e uma empresa não pode impor restrições nenhuma ali”, disse o parlamentar.
Ainda durante a reunião, os vereadores aprovaram o parecer favorável ao PL (Projeto de Lei) 324/2018 de autoria do vereador Eliseu Gabriel (PSB), com coautoria do Rubinho Nunes (UNIÃO), e do ex-vereador Adriano Santos (PSB), que autoriza a criação do indicador de qualidade e equidade nas escolas municipais da cidade de São Paulo.
A reunião desta quarta-feira, que pode ser conferida na íntegra no vídeo abaixo, foi conduzida pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB), e contou com a participação dos vereadores Eduardo Suplicy (PT), Daniel Annenberg (sem partido), Celso Giannazi (PSOL), Sonaira Fernandes (REPUBLICANOS) e Roberto Tripoli (PV).
Audiência Pública
A Comissão de Educação também realizou nesta quarta uma Audiência Pública para discussão de 5 PLs que estão em tramitação na Comissão. Entre eles, estava o PL 811/2017, de autoria do vereador Aurélio Nomura (PSDB) e coautoria do vereador Marcelo Messias (MDB), que institui a mediação escolar nas escolas públicas municipais da capital.
De acordo com o autor do projeto, o vereador Aurélio Nomura, a intenção do PL é incentivar a cultura da paz ainda nas escolas. “ Isto precisa ser incentivado, nós precisamos trabalhar a cultura da mediação na nossa sociedade e nada melhor do que começar pelas crianças se pretendemos construir uma sociedade mais pacífica no futuro”, afirmou Nomura.
Para a professora e mediadora escolar, Fernanda Rocha Levi, que também foi presidente do Conima (Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem), o projeto apresentado só tem a contribuir com o ensino nas escolas. “Ele tem um efeito pedagógico muito positivo, porque auxilia no processo de entendimento, de compreensão, de escuta e a comunicação se realiza para além de uma simples fala”, reforçou ela.
A Audiência Pública desta quarta-feira pode ser conferida na íntegra no vídeo abaixo:
Assunto de extrema importância que precisa ser levado a sério pelas autoridades, isso é usurpação. Os associados construíram e cuidaram das quadras durante 35 anos proporcionando o esporte, saúde e lazer a população para qualquer cidadão, seja jovem ou idoso. Aí vem uma empresa privada milionária e rouba o local, que é público, e tira o direito dos cidadãos comuns de praticarem o esporte regularmente como sempre faziam. Isso não pode acontecer!!!