Boa parte dos moradores do bairro do Cambuci e região que participaram nesta terça-feira (10/5) da segunda audiência para discutir o Projeto de Lei (PL) 723/2015, do Executivo, que define diretrizes para a implantação da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, criticaram as possíveis desapropriações que o projeto pode causar na região.
Segundo representantes do movimento de moradores SOS Silveira da Mota, o alargamento das vias e a construção de um parque, previstos no projeto, podem retirar mais de 120 famílias do bairro.
“Estamos aqui reivindicando a não desapropriação, lutando por nossas moradias. No perímetro das ruas Silveira da Mota, Vicente de Carvalho, Rua Stéfano, Dona Ana Neri e Barão de Jaguara existem muito mais que 120 casas que serão desapropriadas para criação do parque. Nós temos apenas uma casa, e se for desapropriada, não teremos onde morar, e a indenização que receberemos não paga outra casa”, afirmou a moradora Elisangela Pereira de Oliveira.
O gestor ambiental e morador da Cambuci há 46 anos, Marcos Oliveira, chegou a sugerir um novo modelo de parque para evitar as desapropriações. “Acredito que este parque linear não precisa ser feito onde estão as casas. Pode ser feito em cima do rio, que já está com o tampão, inclusive com ciclovias, trazendo benefícios para as pessoas do Cambuci e da Mooca, não havendo a necessidade de desapropriação e evitando o custo ambiental social e econômico que essa operação pode causar”, afirmou.
“Esse são moradores históricos do bairro, que estão aqui há muitos anos em imóveis herdados pelos pais e avós. E isso causa certa preocupação, um trabalho para buscarmos alternativas de modo que a Operação Urbana mantenha seu ponto de equilíbrio para o desenvolvimento do bairro sem prejudicar os moradores”, ressaltou o relator do projeto, vereador Dalton Silvano (DEM).
De acordo diretor de desenvolvimento da SP Urbanismo, Gustavo Partezani Rodrigues, a proposta trará grandes melhorias para os sete bairros no entorno do rio Tamanduateí que devem ser levadas em consideração. “Teremos habitação de interesse social em ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) delimitadas na região, um novo parque, melhorias no sistema de mobilidade e conexões e melhorias no sistema ambiental através da melhoria da drenagem e a das áreas verdes com arborização”, disse.
Sobre as polêmicas desapropriações, Rodrigues ressaltou que o debate com a população deve direcionar as soluções. “Não estamos prevendo no projeto que as pessoas sejam desapropriadas, estamos prevendo incentivos para que possa haver doações, permutas e outras formas. A desapropriação é a última forma do acesso ao terreno. A nossa ideia é tentar construir com a população alternativas. Não dá para dizer que um parque, que equipamentos públicos que o bairro demanda e a melhora ambiental do projeto não seja bom. Estamos aqui apenas implementando esse Plano Diretor. Então, tentamos na audiência buscar construir este esclarecimento com a população e debater o que de fato é importante para o bairro”, afirmou.
A audiência pública realizada pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara reuniu cerca de 180 pessoas e foi presidida pelo vereador Gilson Barreto (PSDB). Contou também com a presença do vereador Paulo Frange (PTB).
Sobre o projeto
A Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí tem como principais objetivos promover o adensamento populacional e o incremento das atividades econômicas, com o aproveitamento da infraestrutura existente, melhorar as condições de acesso e mobilidade e promover a reestruturação da orla ferroviária e a requalificação urbanística dos eixos viários.
Além disso, incentivar a preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental, implementar sistemas de mobilidade, drenagem, áreas verdes e espaços públicos e viabilizar a implantação de empreendimentos habitacionais de interesse social. Serão atingidos todos os bairros que são cortados pelo rio Tamanduateí.
Participação popular
A Câmara Municipal de São Paulo preparou um hotsite especial sobre o Projeto de Lei 723/2015. Para discutir o projeto, a Comissão de Política Urbana prevê inicialmente a realização de nove audiências públicas. Os detalhes, datas das audiências e estudo técnico estão disponíveis para consulta popular nesta plataforma digital. Através dela, o usuário pode também encaminhar sugestões aos vereadores e ajudar a melhorar o projeto (clique aqui).
Veja Galeria de Fotos do evento:
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