RENATA AFONSO
DA TV CÂMARA
A Cracolândia foi tema de uma Audiência Pública realizada nesta quarta-feira (28/6) na Câmara Municipal de São Paulo. Ela foi realizada em conjunto pelas comissões da Saúde e da Criança. Da administração municipal, apenas o secretário da Justiça, Anderson Pomini, esteve presente. Ele informou que a venda de drogas na região rendia R$ 2 milhões por semana ao crime organizado.
Segundo o secretário, nas operações realizadas na Cracolândia, 140 traficantes foram presos e 600 pessoas internadas. Pomini afirmou que, mesmo com críticas, a Prefeitura não vai recuar.
“É um problema social, um problema que exige uma iniciativa forte, que exige que a Prefeitura avance juntamente com as demais instituições. É preciso que Tribunal de Justiça, Ministério Público, governos Federal e Estadual se unam. A sociedade também deve se unir na briga contra o tráfico de drogas”, disse.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo criticou a internação involuntária dos dependentes químicos. Mauro Aranha disse que apenas retirar as pessoas do local pode ser uma falácia. “Se não for dado o reacesso ao Estado, à vinculação familiar, comunitária, é uma ilusão”, afirmou ele.
De acordo com o vereador Fernando Holiday (DEM), uma nova Audiência deve ser marcada. “De qualquer forma já podemos ter uma visão geral do que a Prefeitura vem fazendo na Cracolândia em relação aos dependentes químicos de uma forma geral. E também em relação às crianças e adolescentes. Mas, com certeza, uma outra Audiência sobre o mesmo assunto deverá ser agendada no próximo semestre”, disse.
O vereador Milton Ferreira (PTN) diz que o debate precisa avançar. “Na minha visão pessoal, o que eu vi aqui foi muita crítica e poucas soluções. Sabemos que nós temos um problema grave e exige do poder público uma ação consensual”.
Rute Costa (PSD), presidente da Comissão de Saúde, acredita que é necessário um esforço mútuo. “Não é problema da Cracolândia ou da Segurança Pública, ou da Saúde. É um problema social. E assim como é social, a gente precisa ouvir as pessoas, consertar as fendas dos muros, não só da segurança, da saúde, mas também da sociedade”.
Para a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL), a ausência de outros secretários prejudica o debate. “Nós convidamos também o secretário de Saúde e o secretário de Assistência Social para a gente ter informações sobre dois aspectos das ações na Cracolândia. Qual o amparo que vai ser dado para aquela população e qual o tipo de tratamento de saúde, de abordagem, que serão dados sobre o tema da dependência química?”, questionou.