Luiz França / CMSP
A 1ª Semana de Enfrentamento à Exploração Sexual Infantil, foi aberta com uma palestra sobre a ONG Makanudos de Javeh, que desenvolve trabalhos com jovens vindos de escolas públicas, levando orientações sobre sexualidade a eles. A apresentação aconteceu na manhã desta segunda-feira (19/5), no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo.
Atuando há mais de nove anos, a ONG possui projetos em mais de dez cidades, alcançando cerca de 100 mil crianças e adolescentes. Um deles é o Está Acontecendo Agora, que promove o enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Por meio de aulas contextualizadas às necessidades de cada instituição, os educadores realizam até três palestras durante o ano letivo, desde o oitavo ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio.
É muito difícil falar de sexualidade em um país como o Brasil, que exporta a sensualidade, mas é aí que entra o nosso trabalho de conscientização por meio de rodas de conversas e outras atividades, afirma Thiago Torres, fundador e diretor da ONG.
De acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 2 milhões de crianças são abusadas sexualmente por ano no mundo.
A Semana de Enfrentamento à Exploração Sexual Infantil foi instituída pela Lei Municipal 15.965, de autoria do vereador Eduardo Tuma (PSDB), sancionado em 22 de janeiro pelo prefeito Fernando Haddad (PT). Esse evento é um marco importante para a cidade de São Paulo e a discussão sobre exploração sexual infantil não pode se resumir a apenas uma semana, afirmou o tucano.
Desafios
Outro projeto que trabalha com o combate à exploração sexual infantil é o Quixote. Criado em 1996, desenvolve oficinas artísticas e faz o acompanhamento de jovens tanto no âmbito clínico quanto social.
Maria Inês Rondello, uma das coordenadoras da ONG, acredita que a exploração sexual de crianças e adolescentes é uma das questões mais difíceis de trabalhar. “É complicado mostrar que a bolsa que o Quixote oferece vale mais a pena do que o que esse menor ganha em uma noite de programa”. De acordo com Maria Inês, a estratégia utilizada pelo Quixote se volta para as questões afetivas, para conscientização de que o ser é mais importante que o ter e, principalmente, para a questão do pertencimento, no sentido de se sentir acolhido em seu meio social, na sua comunidade, trabalho, escola. Entre outros.
Para Carlos Alberto Pestana, membro do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e morador do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, o problema da exploração sexual infantil é algo que vai demorar ainda muito tempo para ser resolvido no Brasil, mas mesmo assim as ações contrárias têm que ser cada vez maiores e mais eficazes. “Ela [a prostituição] é tão comum em regiões como o Norte e o Nordeste que as próprias crianças e jovens não conseguem enxergar aquilo como um perigo para seu desenvolvimento”, ressalta. ?(Da Redação)
(19/05/2014 – 13h11 – Atualiazado às 18h50)