A preservação da Mata Esmeralda, na zona oeste de São Paulo, foi debatida em Audiência Pública da Comissão Extraordinária do Meio Ambiente e dos Direitos dos Animais, na noite desta quinta-feira (23/6), na Câmara Municipal de São Paulo. Um dos pedidos dos participantes é a criação de um parque público no local.
A proponente e presidente da audiência foi a vereadora Luana Alves (PSOL). A parlamentar ressaltou que é necessário criar um parque público no local porque a Mata Esmeralda é “um espaço que não tem nenhuma definição”.
“Uma parte pequena é privada. A gente já viu que o proprietário tem interesse de conversar com a Prefeitura, está disponível para fazer daquela área pública 100%. Hoje é uma área que está no ‘limbo administrativo’ e corre o risco de ter uma destruição”, afirmou a vereadora.
De acordo com o movimento Amigos da Mata Esmeralda, a área, que fica no Butantã e em um pequeno trecho de Taboão da Serra, mede cerca de 400 mil metros quadrados e possui grande biodiversidade, abrigando espécies características da Mata Atlântica e mais de cinco mil nascentes. O coletivo surgiu quando os moradores detectaram alterações drásticas no local e descobriram que estava em andamento a proposta de um grande loteamento.
“Ali está prevista a construção de loteamentos. São loteamentos que não são de padrão popular. Então, já tem toda essa dimensão de privilegiar poucas pessoas. Vai ter um impacto grande em toda região, com aumento de fluxo de carros na região”, disse um dos coordenadores do coletivo Amigos da Mata Esmeralda, Ernesto Maeda.
Ele ainda falou que a luta é mobilizar a comunidade, ativistas e ambientalistas para garantir a manutenção e preservar o local. “Nosso movimento está partindo para a construção de um parque público. A gente vê o que está acontecendo no mundo, no Brasil. Ou a gente passa a pensar na questão ambiental como parte de políticas públicas, ou vai restar muito pouco para os nossos filhos e nossos netos”, pontuou.
Poder Executivo
As secretarias municipais do Verde e Meio Ambiente, e Urbanismo e Licenciamento foram convidadas para a Audiência Pública. Contudo, nenhum representante compareceu ao debate, o que a vereadora Luana Alves (PSOL) lamentou. “Disseram que não conseguiriam vir, o que nos dá um pouco de receio, porque a gente entendia que a posição inicial da secretaria e da Prefeitura era, de fato, seguir na preservação daquela área. A gente sabe que é importante uma posição oficial do Executivo para além do Legislativo. A gente espera que se tenha um comprometimento a partir dos próximos passos dessa luta”, salientou a parlamentar.
Políticas de defesa do meio ambiente
Segundo o representante do Fórum Verde Permanente, Francisco Eduardo Bodião é preciso “registrar a urgência de programas de políticas de defesa e de ampliação das áreas verdes em São Paulo”. Ele lembrou que a revisão do Plano Diretor está suspensa. “É ela que dá as diretrizes para a ocupação da cidade, para a política pública de ocupação da cidade. E no último período que a gente percebe um avanço do setor imobiliário, do setor de empreendimentos, rifando essas reservas de área verde na cidade”, disse.
Ele também lembrou que a previsão no Plano Diretor é criar mais de 167 parques, porém tudo está parado. Para o atual governo, a meta é criar “apenas oito parques”. “Nem em dez anos, 20 anos, a gente vai dar conta daquilo que está previsto no Plano Diretor. A luta da Mata Esmeralda é representativa da luta da cidade, de vários bairros, de vários coletivos que estão defendendo a qualidade de vida na cidade e a defesa do patrimônio ambiental da cidade”, disse o representante do Fórum Verde Permanente.
Confira todas as participações na Audiência Pública no vídeo abaixo: