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Plano Municipal de Segurança Alimentar é debatido em audiência

Por: JENIFFER MENDONÇA - DA REDAÇÃO

5 de dezembro de 2016 - 20:45

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O COMUSAN (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional) convocou audiência pública, nesta segunda-feira (5/12), para discutir a implantação do primeiro Plano Municipal de Segurança Alimentar na cidade, criado em junho deste ano.

O Plano elaborado pela CAISAN (Câmara Intersecretarial de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo) estipula o cumprimento de 113 metas até 2020 para a promoção e fortalecimento do direito humano à alimentação.

2016-11-28-Câmara Municipal de São Paulo   Audiência Pública: Plano Municipal de Segurança Alimentar Foto: André Bueno/CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Marcelo Mazeta, coordenador de Segurança Alimentar da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo

Para o coordenador de Segurança Alimentar da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Marcelo Mazeta, a institucionalização, regulamentação e criação de coordenadorias para o tema desde 2013, com a aprovação da Lei municipal 15.920, corroboraram para os avanços na constituição do Plano.

“Reestruturamos o Conselho, onde a sociedade pode participar com uma diversidade maior de segmentos, criamos a Câmara Intersecretarial, que hoje no papel é formada por oito secretarias, mas para a elaboração do Plano contamos com 13. Realizamos a maior conferência de segurança alimentar institucional da história da cidade com mais de 1200 participantes em diversas regiões e fizemos as pré-conferências em oito macrorregiões da cidade”, explicou.

Além disso, Mazeta enfatizou o reconhecimento por meio do prêmio Mayors Challenge 2016, da Bloomerg Philanthropies, recebido pelo prefeito Fernando Haddad no último dia 30. Dentre 290 cidades, São Paulo foi a vencedora ao apresentar um projeto que promove a agricultura local como incentivo sustentável e alternativa econômica. A entidade premiou com US$ 5 milhões para complementar a iniciativa cuja aplicação está prevista para 2017.

Em vista da transição de gestão, a presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Cristina Costa, se mostrou preocupada quanto à continuidade dessa política pública. “Nós queremos a garantia da implementação do Plano. Um direito, para se afirmar, é preciso ser conhecido por toda a população”.

Ela aponta que a constituição do Plano é um meio de dar mais visibilidade às ações que são integradas entre secretarias, já que não há uma específica para a área de alimentação. O objetivo é, também, elevar o número de Centros de Referência que atuam como ponte de entre a atuação das secretarias envolvidas e a sociedade civil.

“Um eixo muito importante do Plano é a compra da agricultura familiar e nós temos dois programas na cidade hoje que estão comprando do agricultor local, que é o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa de Alimentação Escolar. Nesse último, estamos com cerca de 27% do total da compra da agricultura familiar, que é um benefício muito grande porque temos, simultaneamente, a oferta para o estudante de uma alimentação mais saudável com alimento orgânico, que pela lógica do mercado nunca chegaria numa escola pública. Do outro lado, a gente garante para o agricultor familiar um mercado estável porque o problema, para ele, é fazer chegar a sua produção na cidade”, esclareceu.

2016-11-28-Câmara Municipal de São Paulo   Audiência Pública: Plano Municipal de Segurança Alimentar Foto: André Bueno/CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Diego Rizzo, coordenador do Programa do setor de Resíduos Sólidos Orgânicos da Diretoria de Gestão de Serviços da AMLURB (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana)

Já o coordenador do Programa do setor de Resíduos Sólidos Orgânicos da Diretoria de Gestão de Serviços da AMLURB (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), Diego Rizzo, pontuou a importância de se discutir a compostagem. “Se a gente está falando de sustentabilidade, a gente tem que falar de produção orgânica sem agrotóxico. A sustentabilidade compreende um fluxo de produção, transporte, comércio e consumo. Depois do consumo, tem o resíduo e se ele não volta [para a natureza] continua igual. É uma cadeia linear que tem como produto final o lixo. A agricultura orgânica tem uma demanda de insumo orgânico que, para ela conseguir atender a demanda da cidade, vai precisar vir composto orgânico. Muitos produtores não fazem composto e os que fazem às vezes não são suficiente e precisam complementar comprando”.

A geóloga e representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Patrícia Sete, destacou a questão hídrica envolvida na questão da segurança alimentar. “Esse passo de trazer de volta a zona rural, ainda que 30% do município seja de zona rural, não necessariamente os 30% são agricultáveis. Nossa zona rural é uma zona produtora de água. Os nossos agricultores, antes de produzirem alimentos, são donos de sítios e fazendas que produzem água. A gente passou por uma crise hídrica que não deve ser esquecida, apesar de estarmos tendo muita chuva”.

2016-11-28-Câmara Municipal de São Paulo   Audiência Pública: Plano Municipal de Segurança Alimentar Foto: André Bueno/CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Vereador Nabil Bonduki (PT)

Para o vereador Nabil Bonduki (PT), que participou da audiência, é preciso criar um plano de desenvolvimento rural de caráter metropolitano como uma espécie de “cinturão verde” entre os municípios. “As regiões metropolitanas de Campinas, Baixada Santista e o aglomerado do Vale do Paraíba e de Sorocaba são regiões que estão a menos de 100km do centro da região metropolitana de São Paulo. Se não forem tomadas medidas efetivas para que esse cinturão seja mantido e sustentável, nós poderemos ter um crescimento dessa macrometrópole de forma a suprimir as áreas não urbanizadas”.

Por isso, ele acredita que a segurança alimentar é uma política pública que precisa estar alinhada com a ocupação das zonas rurais. “Essas ações não podem ter descontinuidade e não podem estar fragmentadas com uma parte para subprefeitura ou para a Secretaria [Municipal] do Verde e do Meio Ambiente. Esse tema tem que ter status de Secretaria de Segurança Alimentar porque tem uma importância fundamental paro município de São Paulo”, declarou.

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