Em 1994, o delegado de polícia aposentado e ex-presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), George Melão, tinha acabado de se formar na Academia da Polícia Civil e foi trabalhar no 53º DP (Cidade Tiradentes). Foi nesse distrito que ele investigou um dos casos que mais marcaram sua trajetória.
“Foi um homicídio. Um cunhado assassinou o outro. Por um briga sem importância, um deu um golpe de foice no outro. A cabeça foi para um lado e o corpo para o outro”, lembra. Naquele dia, a cena do crime tinha muita lama por conta da forte chuva na região. “Foi muito cruel, a cena era muito violenta.”
Na noite desta segunda-feira (21/8), a Câmara Municipal de São Paulo homenageou 29 policiais com a Salva de Prata pelos serviços prestados à população. Os homenageados foram indicados à Casa pelo Sindpespe e Adepesp (Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de São Paulo).
O delegado Melão foi um dos contemplados. “Eu estou vivo, outros tantos colegas foram mortos, alguns enfartaram. Quem consegue se aposentar nessa profissão é mais do que merecido. Chegar ao final da carreira inteiro, disposto e com saúde é um prêmio. Essa Salva de Prata nos deixa muito honrados.”
A presidente do sindicato da categoria, a delegada Raquel Kobashi Gallinati elogiou a ação da Câmara. “Hoje trabalhamos com um déficit de 10 mil policiais, obrigando os investigadores a trabalharem por cinco. Muitas vezes ele fica de sobreaviso 24 horas, o dia inteiro, e o ano inteiro”, afirmou Raquel.
“Esta Casa de Leis é extremamente importante. Nos sentimos muito honrados de estar aqui pelos delegados que muito fizeram pela Polícia Civil do Estado de São Paulo”, completou.
A proposta de reconhecer os policiais foi feita pelo vereador Celso Jatene (PR), por meio da Resolução 02/2005. Na última edição realizada em 2016, o Legislativo condecorou um total de 35 policiais, sendo que quatro eram mulheres.
O parlamentar lembrou que se trata da 14º edição e que mais de 500 policiais já foram homenageados. “É um reconhecimento muito justo porque é o delegado que fica à disposição da população, no Natal, no Révellion, na Páscoa, no Dia dos Pais e no Dia das Mães. Sem contar o combate ao crime. A gente sabe que vivemos em uma cidade violenta, com índices além do que gostaríamos que fosse. Mas a figura do delegado precisa ser reconhecida”, disse Jatene.