Fuligem oleosa, poluição sonora, visual e no ar e problemas de saúde. Essas são algumas das reclamações dos moradores da região do Polo Petroquímico do Grande ABC, que abrange os bairros do Parque São Rafael, Rodolfo Pirani, Jardim Elisabethe, São Francisco e São Mateus, na zona leste da capital, e os municípios de Mauá e Santo André.
Para tentar solucionar os problemas causados pela poluição, a Comissão Extraordinária do Meio Ambiente e dos Direitos dos Animais, realizou uma Audiência Pública na manhã desta quarta-feira (8/12) para prestar contas e buscar respostas sobre as medidas que já foram adotadas. Representantes do setor público, privado e moradores da região participaram das discussões. A última audiência sobre o Polo realizada pela Comissão aconteceu no final de abril.
A representante dos moradores do Grande ABC, Raquel Varela, explicou as dificuldades que a população que vive no entorno do Polo Petroquímico têm no dia a dia. “É um transtorno constante, medo, as sirenes são acionadas sempre, um odor insuportável, fuligem, desvalorização dos imóveis, tudo isso sem contar os problemas de saúde”, explicou.
Os problemas de saúde se tornaram visíveis depois que a pesquisadora e neuroendocrinologista Maria Ângela Zancarelli percebeu alto índice de Tireoidite de Hashimoto na região. Ela contou que estuda o caso há 30 anos e que descobriu que, além da disfunção da tireoide, a poluição ainda traz outros agravantes à saúde. “Estudos citológicos feitos em cachorros durante três meses apontaram que a poluição não ataca somente a tireoide, mas também provocam alterações no pulmão, coração, artérias, pele e rim”, destacou a médica e pesquisadora.
Também em busca de solução para os moradores da região do polo petroquímico, o promotor José Luiz Saikali, reclamou da morosidade da justiça na resolução das ações para combater o problema da poluição. “Desde que ingressamos com a ação em abril não conseguimos nada no judiciário. Vai virar o ano e tudo anda a passos de tartaruga”, reclamou.
Já o representante do COFIP (Comitê de Fomento Industrial do Polo Petroquímico do Grande ABC) defendeu o setor destacando a geração de renda e emprego. “O Polo tem um impacto econômico nãos só nos municípios de Mauá, Santo André e São Paulo, mas em toda região do Grande ABC, porque outras empresas da cadeia produtiva atuam e geram cerca de 35 mil empregos”, disse.
O representante do CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Cristiano Kenji apresentou as ações que foram realizadas no combate a poluição e seus efeitos. “A CETESB vem realizando atendimento 24 horas para a população, vistorias e diversas ações vem sendo tomadas desde que houve reclamação da população. Estamos tratando esse tema com extrema importância”, explicou.
A questão do Polo Petroquímico do Grande ABC é intermunicipal e perpassa as cidades de Santo André, Mauá e a zona leste da cidade de São Paulo. Para o vereador Alessandro Guedes (PT), autor do requerimento que motivou a Audiência Pública, a situação é delicada e o debate é um dos mais difíceis enfrentado por ele. “Esse é o tema mais difícil que eu já tratei no meu mandato, porque envolve além da capital paulista mais dois municípios. As empresas não estão em São Paulo mas a poluição atinge a nossa cidade”, ressaltou o vereador, que ainda se mostrou esperançoso com a equipe que irá trazer os resultados que a população necessita.
Além do vereador Alessandro Guedes (PT) também estiveram presentes na audiência os vereadores Gilson Barreto (PSDB) e Marcelo Messias (MDB).
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