A necessidade de melhorar os serviços de acolhida aos moradores de rua e a revogação do decreto que retirou o parágrafo que proibia a GCM (Guarda Civil Metropolitana) de recolher colchões e cobertores dessa população foram os principais problemas apresentados pelos participantes da reunião desta quinta-feira (18/5) na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Relações Internacionais da Câmara Municipal de São Paulo.
Para o estudante de jornalismo Marcos Hermanson, que gravou a agressão de guardas à Samir Ali Ahmed Sati, é fundamental que a Prefeitura revogue o decreto. “A medida significa tirar o mínimo que os moradores têm, a dignidade. Ao devolver à GCM o direito de tirar os pertences pessoais dessa população é criminalizar a pobreza”, comentou.
Um munícipe que preferiu não se identificar contou que está em situação desde 1999 porque deixou de ter condições de pagar o aluguel. Atualmente, ele frequenta um serviço na Barra Funda, zona oeste, e revela quais são os principais problemas. “É difícil conseguir vagas nos albergues. Os colchões e os cobertores são fininhos e a alimentação é péssima”, disse.
O programa Trabalho Novo – em que pessoas em situação de vulnerabilidade social passam por uma capacitação socioemocional para geração de oportunidade de trabalho – foi mais um dos problemas apontados por Sérgio Cassiano Leandro. “É necessário primeiro um apoio médico, com psiquiatra, psicólogo e assistência social para avaliar a pessoa. Não é tirar ela da rua, fazer uma semana de cursos e querer que ela esteja pronta para o mercado. A maioria dos que estão em situação de rua é dependente químico”, acrescentou.
As mulheres que estão em um Centro de Acolhida localizado na avenida Brigadeiro Luís Antônio, na região central, revelaram os problemas que enfrentam nos serviços. “Quando estamos nessa situação, sofremos preconceito até para arrumar emprego. Queremos mais do que uma acolhida, e sim moradia e trabalho”, argumentou a técnica em nutrição Maria Cristina da Silva.
A vendedora Claumay Cardoso acrescentou que o tempo de permanência nesses locais é curto. “Tenho cinco filhos e a preocupação é grande porque a cada dois anos precisamos mudar de abrigo e arrumar vaga nas escolas para as crianças”, revelou.
O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Felipe Sabará, anotou as demandas apresentadas e disse que todas serão respondidas. “Estamos construindo um novo decreto com diversas secretarias e fazendo a revisão em relação à proteção aos pertences dos moradores de rua e instaurando uma auditoria dos serviços para ver quais são os problemas”, detalhou.
O presidente da Comissão, vereador Eduardo Suplicy (PT), achou importante a audiência. “O secretário ouviu todas as questões e disse que irá responder e modificar o decreto”, disse.