O Conselho das Associações Amigos de Bairros do Jabaquara e Adjacências (Consabeja) completa 40 anos em 2017. Nesta segunda-feira, durante um encontro em comemoração às quatro décadas de existência, na Câmara Municipal de São Paulo, a entidade cobrou do poder público 20 mil unidades habitacionais populares, combate ao tráfico de drogas, a conclusão da Linha 17-Ouro do Monotrilho do Metrô e a extensão da Avenida Jornalista Roberto Marinho até a Rodovia dos Imigrantes, conforme previsto na Operação Urbana Água Espraiada. O evento aconteceu no Plenário 1º de Maio. O espaço foi cedido pelo vereador Mario Covas Neto (PSDB).
As reivindicações foram feitas pelo presidente do Consabeja, José Roberto Alves da Silva. Morador há 45 anos do bairro, ele diz que muitas coisas já melhoram e a região teve ganhos significativos com a chegada da Linha 1-Azul, inaugurada no começo dos anos 1970, a urbanização de algumas favelas e a instalação da Centro Empresarial Itaú Unibanco, na estação Conceição do Metrô. Mas, segundo ele, o bairro ainda está a caminho do desenvolvimento.
“Um dos problemas iniciais [na criação do Consabeja] foi a questão da moradia. Hoje temos a Operação Urbana Água Espraiada, fruto de uma Lei aprovada em 2001 e que até agora não foi posta em atuação [efetiva] por conta, primeiro, de arrecadação de dinheiro. Não foi suficiente porque a administração que aprovou não foi reeleita. Quem entrou, ampliou a intervenção dizendo que ia montar um parque”, disse.
A área verde foi impossibilitada, segundo ele, pela quantidade de favelas. Ainda de acordo com Silva, a continuidade da avenida Jornalista Roberto Marinho também é uma reivindicação importante. A extensão teve alguns projetos que não foram executados, entre eles o da construção de um túnel até a Rodovia dos Imigrantes, estrada que liga a capital ao ABC paulista e também dá acesso ao Litoral Sul do Estado.
“Quando ia por baixo era para esconder as dificuldades do Jabaquara. Entramos com uma ação e conseguimos suspender. A importância [da extensão] é a vazão do fluxo de carros e de ônibus”, explicou. Ele também acredita que o bairro foi prejudicado com a mudança da abertura da Copa do Mundo de 2014. A previsão era de que o evento acontecesse no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, e foi transferida para a Arena Corinthians, em Itaquera.
Com isso, de acordo com ele, não houve continuidade nas obras do Monotrilho. A previsão é que o modal ligue a estação Jabaquara ao Aeroporto de Congonhas e vá até a estação Morumbi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), também fazendo interligação com a Linha 5-Lilás do Metrô. “Perdemos o direito de ter a abertura da Copa no Morumbi e aí deixaram de investir”, disse.
Silva ainda pediu mais segurança na região, principalmente no Parque do Nabuco. A área verde da Prefeitura tem cerca de 31 mil metros quadrados e, de acordo com o líder comunitário, se tornou referência para usuários e traficantes de drogas.
Mas o bairro também tem aspectos positivos e históricos para o extremo sul paulistano. O jornalista Felipe Marconato, um dos responsáveis pelo jornal online “Alô, Comunidade”, está produzindo um documentário sobre a região.
A produção faz parte de um projeto do Centro de Educação Unificado (CEU) Caminho do Mar, construído na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PMDB). “Estamos levantando informações, fazendo pesquisas e trazendo pessoas que moram há mais de 40 anos no local para contar como o bairro era e como se desenvolveu”, disse.
Segundo ele, o Metrô e a instalação do CEU são pontos positivos do Jabaquara. “Permitiram que as pessoas tivessem um acesso maior e à cultura. Hoje conseguimos acessar o CEU como Polo Cultural que promove atividades étnicas e raciais. Foi um marco.”