A Comissão de Estudos para Proteção Animal se reuniu, nesta quarta-feira (05/08), para discutir a viabilidade e os benefícios da implementação de uma dieta vegetariana na merenda das escolas municipais. Outra preocupação apresentada diz respeito aos prejuízos causados pela produção de carne bovina advinda de áreas desmatadas. Eric Slywitch, médico nutrólogo, explicou que a dieta vegetariana pode suprir todas as necessidades do desenvolvimento das crianças. Eric acredita que com o uso de suplementos adequados é possível se estabelecer uma dieta vegetariana na merenda escolar. Laura da Silva Dias Rahal, nutricionista do Departamento de Merenda Escolar da Secretaria Municipal da Educação, acredita que a dieta vegetariana é "interessante, mas seria preciso um acompanhamento individual."
Laura diz que só a retirada da carne dos cardápios não garante uma alimentação mais saudável. “É necessário uma série de medidas, como incentivar que as crianças consumam mais frutas, legumes e vegetais e também que pratiquem mais exercícios físicos”.
O vereador Roberto Tripoli (PV), presidente da Comissão, sugeriu que se forme um grupo para estudar a possibilidade da criação de um projeto piloto que testaria a viabilidade de uma dieta vegetariana na merenda.
Desmatamento
O desmatamento da Amazônia é um dos argumentos usados pelos defensores do vegetarianismo para a eliminação da carne dos cardápios. Segundo dados do Greenpeace, a pecuária brasileira é responsável por 14 % do desmatamento no mundo inteiro. Durante três anos, o Greenpeace estudou e pesquisou o assunto e os resultados estão no relatório “A farra do boi na Amazônia”.
O relatório mostrou que a pecuária é responsável por 80% do desmatamento na floresta. “As pessoas não costumam relacionar a pecuária ao desmatamento. Outro fato desconhecido é que o maior consumidor dessa carne é o próprio mercado interno brasileiro”, afirmou Marcio Astrini, consultor do Greenpeace.
Além da questão ambiental, Astrini revelou que a pecuária na Amazônia também é causa de trabalho escravo. “ É necessário entender que quando você consome os produtos que provêm de áreas ilegais acaba se tornando um co-responsável econômico no incentivo dessa prática”, disse ele.
Preocupada com essa procedência ilegal, a Prefeitura de São Paulo, em edital a ser lançado em setembro, deverá exigir informações sobre a rastreabilidade da carne que será usada na merenda. “Desejamos saber de onde vem a carne, e se a produção está cumprindo toda legislação ambiental”, afirmou Laura.
O consultor do Greenpeace considerou fundamental essa posição. “A Prefeitura vai ter dificuldade na resposta porque o governo brasileiro não tem um sistema que possa indicar exatamente a origem da carne, mas é exatamente essa pressão de fazer valer os seus direitos de consumidor que vai mobilizar o governo para que essa resposta seja possível”, afirmou.
Segundo Astrini, ainda não existe um certificado formal do governo brasileiro que identifique a procedência legal da carne bovina. “Não vamos esperar simplesmente que o governo brasileiro vá criar um sistema que rastreie o gado no Brasil inteiro. O que vem acontecendo é que os compradores estão exigindo essas respostas ”. Para ele, como forma de garantir o mercado comprador haverá uma pressão por parte dos frigoríficos e as fazendas deverão apresentar uma situação cadastral que prove que não houve crimes ambientais relacionados, nem trabalho escravo na produção da carne.
Além do vereador Roberto Tripoli estiveram presentes os vereadores Atílio Francisco (PRB) e Gilberto Natalini ( PSDB)
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