DANIEL CANIATO
DA TV CÂMARA
Moradora da Vila Joaniza desde que nasceu, a auxiliar administrativa Cindi Souza de Santos faz parte de um movimento popular que luta por moradias e por melhores condições de vida para a região. Ela esteve sábado (24/01) na inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Santa Catarina, antiga reivindicação da comunidade do Jabaquara.
“Sempre foi cobrado, pois era um hospital particular que estava abandonado e nós precisávamos de um hospital maior. É um grande avanço pra população”, comentou a moradora durante o evento.
A unidade ocupa parte do terreno onde funcionou, por 30 anos, o hospital particular Santa Marina, que teve falência decretada em 2011. Dois anos depois, um grupo arrematou a massa falida do hospital. Começava aí uma negociação entre a prefeitura e o grupo privado para transformar o espaço em hospital público.
“Foi necessária uma negociação muito difícil da prefeitura com a Amil, mas no final a empresa compreendeu a importância do hospital para a região e cedeu. Assim a prefeitura pôde fazer uma parceria com o hospital Albert Einstein e com o governo federal”, explicou o presidente da Câmara, Donato (PT), que prestigiou a inauguração. Segundo o parlamentar, a criação da UPA é o primeiro passo para transformar o local em um hospital.
O novo equipamento terá funcionamento 24 horas e capacidade para atender 500 pacientes por dia, que poderão receber pronto atendimento e encaminhamento para casos cirúrgicos e traumáticos. Um dos objetivos da UPA Vila Santa Catarina é a redução das filas nos hospitais da região, especialmente o Saboia, que é municipal, e o Pedreira, ligado ao governo do Estado.
Morador da região, o cobrador de ônibus João Delfino de Jesus elogiou a instalação de um novo equipamento de saúde no bairro. “O Saboia atende toda essa região e ainda atrai gente de outras regiões. Esse hospital vem a calhar, na hora certa pra atender com mais decência a comunidade da região do Jabaquara”.
O Ministério da Saúde considera ideal o número de três leitos para cada mil habitantes, mas a zona sul de São Paulo está longe dessa meta, com 0,7 leitos para cada 100 mil pessoas. O Jabaquara tem um índice ainda menor, de 0,4 leitos por 100 mil habitantes.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, também compareceu à cerimônia. Ele afirmou que é preciso fazer ainda mais para que a região sul deixe de ser um “deserto” na oferta de serviços públicos de saúde.
“São pouquíssimos os leitos públicos, e mesmo os privados. A iniciativa da prefeitura de implantar essa UPA e fazer a reabertura de um hospital 100% SUS é decisiva, junto com outros investimentos que estão sendo programados pela prefeitura, com o apoio do Ministério da Saúde, para ampliar os serviços de saúde para a população”, comentou Chioro.
Protesto
Durante a inauguração, ex-funcionários do antigo hospital Santa Marina foram ao local protestar. Eles reclamam de pendências trabalhistas com a antiga administradora da unidade. “A gente gostaria que eles cumprissem os acordos trabalhistas, porque a gente já teve as audiências e eles não cumpriram os pagamentos. Hoje a gente tá desempregado, não temos como nos manter. Está difícil essa situação”, lamentou a ex-funcionária Rita Capresi.
Segundo o prefeito Fernando Haddad, há um acordo firmado com a empresa e a Justiça do Trabalho para que o dinheiro investido pelo município na aquisição do hospital seja destinado prioritariamente para a quitação dos débitos trabalhistas.
Na inauguração, ele também falou sobre a conclusão e a entrega do novo hospital. “Daqui a alguns meses o hospital inteiro será entregue. Ainda esse ano nós vamos entregar o hospital 100% SUS, em parceria com o hospital Albert Einstein, com o que há de melhor em equipamento, profissionais e instalações”, declarou o prefeito.