O ex-gestor da Feira da Madrugada Ailton Vicente de Oliveira afirmou nesta quarta-feira que a Prefeitura permaneceu de novembro de 2010 a março deste ano sem arcar com as despesas de manutenção do local, como segurança, luz, limpeza, arquitetos e advogados. Em março, o Executivo assumiu apenas os gastos com segurança e limpeza, e as demais contas continuam a ser pagas pelos vendedores, através do dinheiro arrecadado a título de condomínio.
As declarações de Oliveira foram dadas à subcomissão instalada na Câmara Municipal para avaliar o uso do Pátio do Pari, onde ocorre a feira e cuja administração foi assumida pela Prefeitura em novembro de 2010 até então o local estava sob o controle da União. A reunião do grupo contou com a presença de trabalhadores da Feira da Madrugada, que viram até a Casa em passeata.
Os ex-gestor trouxe mais de 500 papéis com informações e comprovantes de que as despesas eram custeadas pelos lojistas. “Nós vínhamos arcando com todas as despesas até março deste ano. A Prefeitura diz para não pagarmos as contas, mas nós recebemos as cobranças como, por exemplo, de luz. Já chegaram a dizer que iriam cortar o fornecimento”, declarou Oliveira.
Segundo o ex-gestor, o Executivo também contratou empresas de segurança e limpeza que cobravam mais caro pelos serviços. “O gasto mensal com segurança era de R$ 223 mil, e hoje é de R$ 800 mil. Com limpeza é a mesma coisa: de R$ 76 mil as despesas subiram para R$ 300 mil”, disse.
Para o presidente da Subcomissão da Feira da Madrugada, vereador Adilson Amadeu (PTB), é necessário fazer uma acareação entre Oliveira e o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo. “Percebemos que o depoente de hoje trouxe bastante material para comprovar o que disse, diferentemente de outros que também vieram prestar esclarecimento. É preciso ver quem está dizendo a verdade e, por isso, é necessário fazer essa acareação entre ele (Oliveira) e Ronaldo”, explicou Amadeu.
Segundo ele, “é necessário checar essa diferença brutal de valores com as despesas”. “Este dinheiro está saindo do bolso da população. O Ministério Público também deverá apurar isso”, acrescentou.
BOXES
A subcomissão também investiga o fato de pessoas serem proprietárias de mais de um box na Feira da Madrugada, o que seria ilegal. Durante as discussões desta quarta-feira, um dos presentes confirmou o fato.
Aliomar Rodrigues de Meireles disse ser dono de oito lojas, sendo que duas estão em seu nome. Ele disse cobrar R$ 4 mil por mês de cada box.
FECHAMENTO
O Pátio do Pari foi fechado no último dia 5 durante uma operação contra a pirataria, contrabando e sonegação fiscal. Nesta sexta-feira, os trabalhadores do local terão uma reunião com o prefeito Gilberto Kassab para conversar sobre a retomada das atividades da feira.
Adilson Amadeu afirmou que acompanhará a reunião.
(17/08/2011 – 16h23)