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Valorizar projetos sociais e de promoção de cidadania é o objetivo do Prêmio Betinho de Democracia e Cidadania, entregue nessa quinta-feira em sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo. Foi criado em 1997, ano da morte do seu inspirador, o sociólogo Herbert de Souza. Betinho imaginou uma sociedade mais justa em que as pessoas tivessem oportunidades iguais. O prêmio incentiva isso, resume Benedito Airton dos Santos, coordenador da iniciativa.
Na edição deste ano, a Salva de Prata ficou o projeto Residência Cultural Casa Fora do Eixo, da Associação Caminho das Artes. O grupo criou no bairro da Liberdade, no centro, um espaço de vivências socioculturais onde artistas e educadores realizam encontros, debates, cursos de formação livre, reuniões, grupos de trabalho, imersões. O produtor musical Gabriel Ruiz, que recebeu o prêmio em nome da associação, se disse satisfeito com o reconhecimento da sociedade para um trabalho que definiu como sendo o de um movimento social.
Também receberam placas como menção honrosa: programa Restaurante Popular Bom Prato, da Instituição Beneficente Israelita Ten Yad; o projeto Dentista do Bem, da Turma do Bem; o projeto CNRVV Implantação Rede de Pólos de Prevenção à Violência, Abuso e Exploração Sexual, da Associação Instrutora da Juventude Feminina Instituto Sedes Sapientiae; o projeto Jovem do Futuro, do Instituto Unibanco.
Trabalhamos com a valorização da autoestima do ser humano e nos identificamos com as ideias de Betinho nesse sentido, comentou Luiz Scott, dentista e coordenador do projeto Dentista do Bem, que já atendeu 26 mil jovens entre 11 e 17 anos em dez anos de existência.
Terezinha Davidovich, da Instituição Ten Yad, relatou sua experiência no convívio com pessoas em situação de extrema vulnerabilidade na Baixada do Glicério, centro da cidade. Segundo ela, são servidas mais de 1.800 refeições por dia para pessoas que apenas sobrevivem ao custo de R$ 1. Acreditamos que ninguém tem condições de procurar um emprego se não se alimentar, justifica Terezinha, que há 20 anos auxilia pessoas carentes no restaurante Bom Prato.
Este ano, o Prêmio Betinho recebeu 31 inscrições, que passaram pela avaliação de uma Comissão Julgadora composta pelas seguintes entidades: Comissão de Direitos Humanos da OAB, Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), Ação da Cidadania contra a Fome e Miséria e pela Vida, Associação Juízes para a Democracia (AJD), Projeto Papel de Gente (vencedor da edição 2010) e Núcleo Salus Paulista Associação para a Saúde (vencedor da edição 2011).
Tarcísio Geraldo Faria, conselheiro da Ação da Cidadania contra a Fome, movimento criado pelo sociólogo Betinho, analisa que o prêmio recebe e premia anualmente iniciativas surpreendentes, mas acredita ser necessário repensar o modelo para os próximos anos. Queremos ir além do prêmio e incentivar um trabalho contínuo, que não forneça refeições de maneira assistencialista, de maneira pontual afirmou Faria, que integrou a comissão julgadora.
Betinho foi perseguido politicamente e não desanimou. Ao voltar do exílio, começou a lutar pelos direitos humanos e pela erradicação da fome. Esse prêmio simboliza a valorização da dignidade humana, disse em seu discurso o vereador Jamil Murad (PC do B), que presidiu a sessão solene.
(9/8/2012 – 21h15)
