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Socióloga e militante feminista, Heleieth Saffioti agora também dá nome a um prêmio entregue pela Câmara Municipal em reconhecimento ao combate da discriminação social e à defesa dos direitos das mulheres. A cerimônia de lançamento da premiação aconteceu nesta sexta-feira (22/3), em sessão solene realizada no Palácio Anchieta.
Autora do projeto de resolução que criou o evento, a vereadora Juliana Cardoso (PT) espera que a iniciativa incentive as mulheres a continuarem a buscar seus espaços em uma sociedade ainda desigual. Esse prêmio é para poder resgatar um pouco dessa história [do feminismo] e também premiar as mulheres que continuam na luta, afirmou a parlamentar.
Para Tatau Godinho, secretária de avaliação de políticas e autonomia econômica das mulheres da Presidência da República, a produção da pesquisadora é notável por seu pioneirismo no estudo da desigualdade econômica entre os gêneros na sociedade brasileira.
Ela se dedicou muitos anos a estudar como essa desigualdade entre mulheres e homens estrutura as desigualdades sociais. E foi uma professora com produção científica em vários campos, também analisou muito a violência contra as mulheres, por exemplo, explica Tatau, que foi orientada por Heleieth em seu doutorado.
O evento contou com a presença do irmão de Heleieth, Herberth Bongiovanni, que exaltou a personalidade forte da irmã. Desde criança ela exigia muito de si própria e, por consequência, também dos alunos, dos orientandos, de todos nós. Não porque ela quisesse se impor, mas simplesmente porque acreditava que agindo dessa forma ajudaria a melhorar todos, disse Herberth.
O prêmio Heleieth Saffioti será entregue sempre na segunda quinzena de março, em referência ao Dia Internacional da Mulher. A comissão julgadora será composta por membros indicados pelas seguintes entidades: Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo; Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher; Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher; União de Mulheres de São Paulo; Centro de Informação da Mulher; Marcha Mundial das Mulheres e Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras (APSMNSP).
Trajetória
Nascida em 1934, Heleieth foi autora de diversos trabalhos sobre as questões de gênero e a divisão sexual do trabalho. Já em 1966, em sua tese de doutorado (depois lançada em livro), ela argumentava que a luta das mulheres e a luta de classes deveriam caminhar juntas, por estarem entrelaçadas em um mesmo sistema de opressão e exploração. Ela continuou estudando a condição feminina até 1995, quando publicou Violência de gênero: poder e impotência.
Em 2005, Heleieth foi uma das escolhidas para integrar o coletivo de mil mulheres indicadas para receber o Prêmio Nobel da Paz. A iniciativa, que partiu da organização suíça Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, incluiu outras 50 brasileiras, entre elas Zilda Arns e Luiza Erundina. A pesquisadora faleceu em dezembro de 2010, aos 76 anos de idade.
(22/03/2013 – 21h30)