NAYARA COSTA
DA TV CÂMARA
Instituído há 12 anos, o Prêmio Paulo Freire, que reconhece instituições municipais de ensino que promovem ações inclusivas, teve nesta segunda-feira (18/9) mais uma edição no Palácio Anchieta, sede do Legislativo Paulistano.
Em um dos seus principais livros, “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire afirmava que o maior objetivo da educação é conscientizar o aluno, principalmente se ele faz parte de parcelas desfavorecidas da sociedade. Não à toa, muitos projetos reconhecidos pela edição deste ano do prêmio, fazem trabalhos voltados a grupos pouco atendidos pela sociedade.
O trabalho de autoafirmação da EMEBS (Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos) Anne Sullivan é um bom exemplo disso. A instituição foi premiada, em terceiro lugar, pelo projeto “A escola como espaço de luta e de conscientização” para deficientes auditivos, baseado no filme “Estrelas além do tempo”, como contou a professora de língua portuguesa Viviane Marques Miranda.
“Nós pensamos em trazer as discussões que o filme possibilita que são as lutas por direito, principalmente no espaço de trabalho, considerando questões de gênero e questões étnicos-raciais, e aí nós resolvemos trazer essas temáticas articulando com as questões da surdez.”
Ainda tratando sobre autoafirmação, o segundo colocado da noite, o projeto “Eu venho do mundo, raízes Pankararu: um memorial encantado do outro lado do rio” traz à comunidade do Real Parque, zona sul da cidade, o reencontro com as raízes indígenas do bairro que foram esquecidas com tempo.
Leno Ricardo de Freitas, professor da EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) José Alcântara Machado Filho e responsável pelo projeto, ressaltou que o nome Paulo Freire traz reconhecimento por ser o grande patrono da educação brasileira. “É de extrema importância porque ele nos traz justamente todo o processo de empoderamento, de afirmação, de autonomia que nós procuramos desenvolver com as nossas Comunidades.”
O grande vencedor da noite foi o projeto “Território do povo: ocupar, resistir e construir o nosso quilombo cultural”, que tenta dar um novo sentido a um terreno que servia, inclusive, como ponto de tráfico de drogas no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
A diretora da EMEF Dr. Sócrates Brasileiro, Solange Amorim, contou que foi proposta a construção de um galpão de cultura nesse terreno. “A partir daí nós começamos a realizar uma série de ações, de ocupações simbólicas, culturais mostrando a potência do território e a potência do terreno mesmo, de como ele poderia ser produtivo para toda a comunidade.”
O vereador professor Claudio Fonseca (PPS), que presidiu o evento, lembrou que, muito mais que uma competição entre iniciativas, o Prêmio Paulo Freire resgata e valoriza o sentido de pertencimento que deveria estar em todas as instituições de ensino.
“A Câmara Municipal não faz mais do que a sua obrigação de abrigar uma solenidade, para que possa reconhecer o esforço coletivo das escolas. No dia de hoje foram 80 projetos, mas obviamente, para nós, isso é uma amostragem do esforço daquilo que se produz na escola pública.”
Veja mais fotos da premiação:
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