A Câmara Municipal de São Paulo realizou, nesta terça-feira (25/3), a Sessão Solene de entrega do Prêmio Sabotage 2025, no CCSP (Centro Cultural São Paulo). A 9ª edição da premiação contou com 89 trabalhos inscritos e foi presidida pelo vereador Celso Giannazi (PSOL).
“É uma honra estar presidindo esta solenidade. Eu sou membro titular da Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Então, é a educação e a cultura sendo representados aqui para a entrega do prêmio. É também uma homenagem ao Sabotage, um grande artista, compositor, uma pessoa importante no movimento do Hip Hop na cidade de São Paulo. Temos os quatro elementos do Hip-Hop hoje e a arte trazendo a denúncia da violência contra os jovens da periferia, contra os jovens negros da periferia. Tem toda uma contextualização para esse Prêmio Sabotage, que é muito importante para a cidade de São Paulo”, afirmou Giannazi.
O vereador João Ananias (PT) também prestigiou a cerimônia. “Eu conheci o Sabotage, fui na comunidade dele e ver esse prêmio é muito importante para quem pratica o Hip-Hop. E é importante porque o Hip-Hop nasceu na periferia, nas comunidades da cidade de São Paulo e você sabe a importância disso para quem mora nessas regiões”, falou o vereador.
Os vencedores
Ao todo, são quatro categorias: Melhor DJ (Disk Jockey)), Melhor MC (Mestre de Cerimônia), Melhor Artista de Graffiti e Melhor Artista de Breaking. Confira abaixo os vencedores, que receberam a Salva de Prata da Câmara, e demais finalistas:
Categoria I – Melhor DJ
O vencedor foi DJ $mokey Dee. Ele é produtor, compositor, letrista, músico, DJ, beatboxer e educador cultural, com mais de 30 anos de trajetória no hip-hop nacional. Em 1987, fundou o grupo Doctor Mcs ao lado de Mca e Dog Jay, tornando-se uma referência no rap brasileiro. Além de sua carreira solo, é vocalista do grupo Aftazardem e atua como professor em um curso para DJs iniciantes. Reconhecido por sua versatilidade, toca diferentes estilos musicais, do jazz e bossa nova ao dance e lounge music.
“Eu me sinto honrado, me sinto feliz. Eu sempre participo do evento porque acho muito importante essa premiação e esse reconhecimento. É um prêmio que leva o nome de um amigo que eu conheci. Por isso, eu fico muito feliz por dar continuidade nesse trabalho com ele e podendo representar os outros DJs. Esse prêmio é uma coroação na minha história. São 40 anos de discotecagem”, comentou o vencedor.
Outros finalistas da categoria foram Dj Zeca e Dj Itamar.
Categoria II – Melhor MC
A vencedora foi Chai Odisseiana. Nascida em Caieiras e residente de Franco da Rocha desde 1987. Sua paixão pelo hip-hop começou aos 12 anos e, em 2008, fundou o grupo de Rap Odisseia das Flores, atuante até hoje. Chai também é produtora cultural e arte educadora, desenvolvendo projetos sociais e culturais nas periferias, como a oficina Arte das Palavras na Fundação Casa. Atua em coletivos como a Associação Cultural do Véio Griô, Barroca Beat e Hip Hop Franco, e apoia ações como a Frente Nacional de Mulheres no Hip-Hop.
“Eu me sinto muito grata, me sinto muito acolhida por esta cultura que sempre esteve de braços abertos para mim. Sinto que este prêmio valoriza muito o que a gente faz lá na ponta, nos 365 dias do ano, dentro das periferias. Dentro dessa cultura a gente não faz nada sozinho, cultura Hip-Hop é coletividade, é paz, é amor, é resgate, é cultura, e é o que eu amo fazer. Espero que essa premiação sempre exista e resista”, disse.
Crônica Mendes e Tuca Lélis foram as outras duas finalistas.
Categoria III – Melhor artista de graffiti
O Coletivo OPNI foi o ganhador da categoria. Criado em 1997 na zona leste de São Paulo, o Grupo OPNI é um coletivo de grafiteiros que usa a arte para transformar a periferia e dar voz à cultura afro-brasileira. Com um estilo marcante e militante, o grupo já realizou intervenções urbanas no Brasil e no exterior. Um de seus principais projetos é a Favela Galeria, um museu a céu aberto em São Mateus, onde muros e vielas são ressignificados por meio do graffiti. O projeto foi vencedor do Prêmio Governador do Estado de São Paulo para a Cultura em 2014.
“A gente acredita que esse prêmio é um reconhecimento e não uma disputa. A gente acredita que está representando muita gente, a gente é um coletivo que não fala só do ser individual, mas da comunidade, que é a comunidade do graffiti”, comentou Val Rua, que representou o Coletivo OPNI.
Os demais finalistas foram Alex Mout e Tuka.
Categoria IV – Melhor artista de breaking
A B-Girl Angel do Brasil foi a ganhadora. Ela começou a dançar aos 3 anos. Inspirada por Michael Jackson, Fred Astaire e B-Boy Lilou, participou de diversos eventos nacionais, sendo a primeira criança finalista no Prêmio Sabotage, promovido pela Câmara Municipal de São Paulo.
Em 2021, recebeu o Troféu Arte em Movimento e, em 2022, conquistou vitórias como o Breaking Combate e o Breaking Ibira. Participou também do primeiro Campeonato de Breaking como Esporte, organizado pela CNDD e pelo Comitê Olímpico Brasileiro, subindo ao pódio. Em 2022 e 2023, venceu novamente o Breaking Combate e competiu no Gymnasiade Mundial. Em 2024, foi Top 8 de B-Girls no BC e Top 16 na Red Bull BC One RJ. “Eu me sinto muito bem, eu agradeço a Deus, em primeiro lugar, agradeço minha família e meu treinador. Estou muito feliz”, destacou Angel.
As outras finalistas foram B.Girl Grace e Eduardo B.Boy Eda.
O Prêmio
A premiação foi instituída pela Resolução nº 2, de 11 de dezembro de 2008, em homenagem a Mauro Mateus dos Santos, que ganhou fama como o rapper Sabotage. Paulistano, nasceu em 3 de abril de 1973. Foi cantor, compositor e ator e encontrou no rap a saída do mundo do crime. Ele foi morto a tiros em janeiro de 2003, na zona sul da capital paulista.
Seus dois filhos, Wanderson dos Santos, o Sabotinha, e Thamires Rocha, que também foi membro da comissão julgadora, participaram da Sessão Solene. “É um momento muito importante, muito gratificante. É uma grande representatividade dos quatro elementos do Hip-Hop, em que os artistas mostram as artes deles, que manifestam com amor, com dedicação, e esse prêmio reconhece o trabalho deles”, afirmou Thamires.
A diretora do CCSP, Dandara Almeida, também foi parte da comissão julgadora. Ela falou que é uma honra para o Centro Cultural São Paulo receber a Sessão Solene da premiação. “O prêmio faz juz à memória de um ser humano muito incrível e muito importante para a cultura do Hip-Hop, que é o Sabotage. E receber este evento aqui e estar representando o CCSP é muito gratificante”, falou.
O coordenador do Núcleo de Hip-Hop da Secretaria Municipal de Cultura, Marcelo Cavanha, foi outro membro da comissão julgadora. Ele salientou a importância de levar a Sessão Solene para um espaço cultural da cidade. “Esse local transpira e respira cultura. É muito importante o Hip-Hop ocupar a Câmara Municipal, mas acho que o Prêmio Sabotage vale a exceção de trazer a Câmara para cá e a gente poder celebrar o Sabotage e o Hip-Hop com os finalistas e vencedores”, frisou.
Os trabalhos inscritos foram avaliados pela comissão julgadora composta por cinco pessoas indicadas pela Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude da Câmara Municipal de São Paulo. O ex-vencedor do Prêmio Sabotage, MC e curador de música do CCSP, Marcello Gugu, foi o último integrante da comissão. Além disso, os vencedores da edição anterior do Prêmio também analisaram os materiais.
Veja a íntegra da premiação no vídeo abaixo:
Confira também o álbum de fotos, disponível no Flickr da CMSP. Crédito: Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP