O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, acredita que a capital paulista não precisará fazer rodízio de água. Durante esclarecimentos à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) – que estuda o contrato entre a companhia e a prefeitura – nesta quarta-feira (25/2), ele afirmou que “se tivesse que fazer uma aposta, faria uma de que não vai haver rodízio”.
A afirmação, de acordo com Kelman, não vem de “palpites”, mas sim de estudos. “Fiz contas levando em consideração a água que temos e a hipótese do quanto de água vai chegar, pensando que São Pedro não será generoso. Nesse cenário, mas contando com obras que estarão prontas, temos uma simulação de que não é necessário fazer rodízio”, declarou.
No entanto, o presidente da concessionária não oferece garantias. “As obras podem atrasar e temos uma série de eventos que podem acontecer, não estou afirmando que não haverá rodízio, isso seria uma irresponsabilidade”, disse.
O executivo ainda garantiu que, em uma eventual necessidade de rodízio, a população será avisada com antecedência. “Acredito que duas ou três semanas é prazo suficiente para as pessoas se preparem para uma possível falta de água”.
O rodízio poderia trazer outros problemas, como a contaminação da água que chega às torneiras. Segundo o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, o fechamento total das tubulações poderia permitir a entrada de agentes contaminantes. “Se a rede fica despressurizada, principalmente em regiões de topografia acidentada, nos pontos onde a tubulação está em declive, se o subsolo tem água contaminada, ela succiona, aumenta o risco de contaminação”, explicou.
“Claro que existem formas de manter esse controle, temos laboratórios de controle de qualidade. Portanto, temos ferramentas, caso isso venha a acontecer, para desinfectar a rede contaminada e voltar com a rede normal”, acrescentou.
O presidente da CPI, vereador Laércio Benko (PHS), acha que os representantes da companhia foram claros ao prestar os esclarecimentos. “Tivemos respostas diretas e sabemos que temos um risco eminente de racionamento e de contaminação, caso isso seja necessário. Mas o que fica claro é que a Sabesp não pretende mudar a forma de agir, a não ser torcer para chover”, disse.
Reajuste
Durante a reunião da CPI, o presidente da Sabesp não descartou a possibilidade de reajuste da tarifa de água acima da inflação. Kelman explicou que a companhia está em negociação com a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo).
“Não temos contas ainda, estamos em conversas iniciais com a agência reguladora para assegurar esse equilíbrio econômico. Posso dizer que nossa receita depende da quantidade do que se vende e o preço. Estamos, por razões óbvias, vendendo menos água do que a população gostaria de consumir. O que dificultaria as condições da Sabesp de fazer obras para enfrentar o período de seca”, disse.