O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, garantiu nesta quarta-feira (13/5) que neste ano não haverá rodízio de água em São Paulo. De acordo com ele, a vazão no Cantareira, a redução do volume de água retirado do sistema e o investimento em obras para aumentar a distribuição do produto são os principais motivos para dar essa segurança à população.
“Não temos nenhuma previsão de implantar um rodízio neste ano porque temos uma condição que nos permite diminuir a retirada de água do Cantareira e a possibilidade de abastecer regiões, atendidas por eles, com outros sistemas produtores”, explicou Kelman, durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Sabesp – instalada na Câmara de São Paulo para estudar o contrato entre a companhia e a prefeitura.
Entre as principais obras em andamento para garantir o abastecimento no município, está a transferência de quatro mil litros de água por segundo do reservatório do Rio Grande para o sistema Alto Tietê, que ajudaria no fornecimento às regiões atendidas apenas pelo Cantareira. “Não deve ter atraso na entrega das obras e essa interligação deverá começar a funcionar em setembro”, sinalizou Kelman.
Apesar disso, o executivo disse que isso não é motivo para que as pessoas deixem de fazer economia. “As chuvas dão a falsa impressão de que os reservatórios estão cheios, mas isso é um equívoco. Por isso, a população deve continuar a economizar”, afirmou.
Questionado pelos parlamentares sobre a necessidade de implementação de rodízio, Kelman explicou que há um plano de contingência. “Embora não enxerguemos no horizonte a necessidade de se fazer um rodízio, temos que estar preparados para o pior, que acreditamos que não vai acontecer”, declarou.
Reajuste
Kelman foi convidado pela CPI para prestar esclarecimentos sobre o reajuste da conta de água em São Paulo. O valor da tarifa, que será aplicado a partir do próximo mês, teve um aumento de 15, 24%. No entanto, a Sabesp havia pedido para a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) a aplicação de 22,7% de atualização.
“Não houve divergência de cálculo entre a Sabesp e a Arsesp. Mas a necessidade de pedirmos o reajuste é simples de ser entendida, é a lei de mercado. Temos a falta da matéria-prima, no caso a água, e também o aumento da energia elétrica”, justificou Kelman.
Para o presidente da CPI, vereador Laércio Benko (PHS), os esclarecimentos foram bons, mas não o suficiente. “Ainda ficamos com algumas dúvidas, por exemplo, em relação à clareza na distribuição dos dividendos dos lucros aos acionistas”, afirmou. “Temos uma crise hídrica causada pela inoperância dos três níveis de poderes (municipal, estadual e federal)”, acrescentou.
O relator da CPI, vereador Nelo Rodolfo(PMDB), defende que a fiscalização do serviço prestado seja feito pelo próprio município. “Depois de ouvir o presidente da Sabesp só ficou comprovado que quem deve cuidar da fiscalização é a própria cidade, e não um órgão ligado ao governo estadual (Arsesp), que decidiu por esse aumento abusivo”, sinalizou. “Além disso, fiquei em dúvida se haverá ou não rodízio. Espero que o que Kelman falou seja verdadeiro”, disse.