O dia 20 de dezembro marcou a última Sessão Plenária presidida pelo vereador Milton Leite (UNIÃO) na Câmara Municipal de São Paulo. Sua trajetória e legado, construídos ao longo de sete mandatos consecutivos, refletem seu compromisso com o avanço da cidade e o bem-estar da população paulistana.
Em entrevista à Rede Câmara SP, Milton Leite refletiu sobre sua história no Legislativo. “Uma verdadeira escola de vida. Isso aqui é uma universidade do Parlamento do país e do mundo. Pra mim é uma alegria enorme ter participado desse processo, com centenas de vereadores que aqui passaram nesses 28 anos. Estou muito feliz com essa convivência. Vou para outros rumos na vida privada , que é algo que eu sempre quis fazer dado a idade, a idade está chegando e eu preciso cuidar um pouco disso”.
Perfil
Nascido no bairro de Piraporinha, na zona sul, Milton Leite enfrentou uma infância desafiadora, atuando como vendedor de pães e trabalhador em obras. Sempre engajado nas lutas sociais, destacou-se por sua busca constante por melhorias para as populações mais vulneráveis.
Ingressou no Palácio Anchieta em 1997 e, desde então, consolidou uma carreira marcada por reeleições em 2000, 2004, 2008, 2012, 2016 e 2020. Nas eleições de 2016 e 2020, alcançou o posto de segundo vereador mais votado do Brasil, um feito que demonstra seu forte apoio popular.
Milton Leite colaborou com prefeitos de diferentes espectros políticos, como Celso Pitta, Marta Suplicy, José Serra, Gilberto Kassab, Fernando Haddad, João Dória, Bruno Covas e Ricardo Nunes. Ao longo de sua atuação, destacou-se por sua capacidade de dialogar e construir consensos, sendo um dos líderes mais influentes do legislativo paulistano. Além de sua atuação na Câmara, ocupou o cargo de prefeito em exercício por 100 dias.
Atuação política
Durante seu primeiro mandato, como vice-presidente da Câmara, Milton foi um dos responsáveis pela estruturação do Plenário 1º de Maio, o principal espaço de debates do parlamento. Em 1999, como relator da CPI das Máfias Fiscais, desempenhou Papel central na investigação de um esquema de corrupção envolvendo servidores da Prefeitura, fortalecendo a transparência e o papel fiscalizador do Legislativo.
Já na gestão Kassab, Milton Leite liderou o projeto de criação do Fundo Municipal de Saneamento Básico, que recuperou mananciais importantes por meio de recursos reservados da Sabesp. Em seus mandatos como presidente (2017-2018, 2021-2022 e 2023-2024), promoveu cortes de gastos, economizando mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos. Reduziu supersalários, renegociou contratos e devolveu recursos ao Executivo para investimentos essenciais, como saúde e educação, principalmente durante a pandemia.
Em 2024, o último ano de Milton Leite à frente do Legislativo paulistano foi marcado pela aprovação, pela Câmara Municipal, da privatização da Sabesp, responsável pela gestão de água e esgoto na capital. A medida visou acelerar investimentos para universalizar o acesso a esses serviços, beneficiando a saúde pública e a dignidade humana.
Representatividade racial
A representatividade racial também marcou a trajetória de Milton, que se tornou o segundo presidente negro na história da Câmara Municipal de São Paulo, sucedendo o professor Paulo Rui de Oliveira, que ocupou o cargo em 1981. Em sua gestão, em 2023, ocorreu a cassação do mandato do ex-vereador Camilo Cristófaro, devido a uma declaração racista. Este episódio foi histórico, representando a primeira vez que um parlamentar teve seu mandato cassado por racismo.
Legado
Homem público de visão e liderança, Milton Leite deixa o Legislativo ao final de 2024, após conduzir, em sua última sessão, a votação de um orçamento recorde de R$ 125,6 bilhões para 2025, garantindo recursos que moldarão o futuro da cidade.
O final de sua carreira como vereador marca o fim de uma era no parlamento paulistano, mas também deixa uma inspiração duradoura para as próximas legislaturas, com base em seus princípios de diálogo, perseverança, consenso e, principalmente, o amor pela cidade de São Paulo.