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Programa Saúde do Adolescente é debatido na CPI da Violência Contra a Mulher

Por: MARIANE MANSUIDO - HOME OFFICE

27 de outubro de 2020 - 16:37

André Moura | REDE CÂMARA

Em reunião nesta terça-feira (27/10), a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Violência Contra a Mulher recebeu a dra. Albertina Takiuti, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria Estadual de Saúde, para realizar um debate sobre como a violência de gênero também impacta crianças e adolescentes na cidade de São Paulo.

De acordo com a médica, a adolescência é uma fase fundamental para identificar abusos sofridos desde a infância, pois é quando a vítima tem mais força para falar e acesso a novos descobrimentos sobre seu corpo, relações sociais, afetivas, e percebe que a relação com o abusador não é normal. “É quando essa menina percebe que o carinho que recebia na infância não era carinho, era abuso”, explicou Takiuti.

A profissional também alertou que a violência sexual contra menores é um problema de saúde pública no Brasil. “O abusador gosta de jovens porque ele acredita que ela não fala. O abusador contumaz gosta de meninas de 7, 8, 9 anos”, descreveu. Dra. Albertina Takiuti também reforçou que violência sexual não se resume somente ao ato em si. “Qualquer ato que não foi consentido é violência sexual, não somente ter penetração”.

Investimento na atenção básica

A médica compartilhou alguns relatos pessoais com as vereadoras da CPI, a partir da sua experiência no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de abusos. Para a profissional, é essencial investir na rede básica de atendimento e no treinamento de profissionais de saúde. “É preciso oferecer ferramentas para averiguar casos além da extensão do abuso físico, pois a violência deixa marcas psicológicas, e o prazer do abusador também é a dominação, a opressão e o medo”, afirmou Takiuti, pontuando que meninos também sofrem com esse tipo de violência.

Apoio psicológico também é uma política que deve ser ofertada aos profissionais que lidam com esse atendimento, na avaliação da médica. “Eu já chorei muitas vezes. Nem todos têm o que eu tive: atendimento psicológico para aguentar tanta coisa. Quem atende vítimas de violência sexual nunca mais se esquece”, declarou Takiuti.

Ela também acredita que a rede básica de saúde tem o potencial de acolher as vítimas de forma eficaz, por ter equipamentos dentro das comunidades. No entanto, é necessário investimento. “É preciso ter espaços que atendam diretamente casos de violência, como o Hospital Pérola Byington, por exemplo. O ideal é uma unidade básica por bairro, pois não custa tanto quanto custa para uma mulher que carrega as marcas da violência pelo resto da vida no seu corpo”, defendeu Takiuti, reforçando que a falta de acolhimento a vítimas de abuso também é um fator que torna essas pessoas mais propensas a entrarem em relacionamentos abusivos.

Cultura da violência

Para a dra. Albertina Takiuti, a violência também é uma linguagem que as meninas aprendem desde muito cedo, difícil de desconstruir, e transforma-se em um comportamento baseado no medo de não agradar, seja aos familiares ao querer revelar o abuso sofrido, ou futuros parceiros nas relações afetivas. Por essa razão, também, a médica acredita que é necessário uma educação que possa desconstruir esse padrão desde cedo.

“Temos que desconstruir o movimento de dominação que começa na infância e continua na adolescência”, explicou. “Um empoderamento em que a sociedade ofereça ferramentas para que essa mulher seja independente”.

Também é por meio de uma educação esclarecida e com informação que a profissional acredita que é possível diminuir não só o número de casos de violência sexual contra menores, mas também de gravidez na adolescência e DTSs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

Ainda durante a reunião, as parlamentares aprovaram requerimento para prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 120 dias.

Estiveram presentes a presidente da CPI, vereadora Sandra Tadeu (DEM), a relatora Soninha Francine (CIDADANIA), Edir Sales (PSD), Juliana Cardoso (PT), Noemi Nonato (PL) e Patricia Bezerra (PSDB).

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