Foi lançado nesta sexta-feira, na Câmara Municipal de São Paulo, o “Livro-Agenda Latino-Americana 2018”, que tem como tema a igualdade de gênero entre homens e mulheres. A publicação é produzida pela Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, com colaborações de teólogas, ativistas do feminismo, entre outras representantes da reivindicação proposta pelo material.
O encontro ocorreu no Plenário Prestes Maia, com a colaboração dos gabinetes de Juliana Cardoso (PT) e Toninho Véspoli (PSOL). Quem abriu o lançamento foi a teóloga metodista Angélica Tostes. “Tratar de igualdade de gênero é falar do corpo, do valor do corpo da mulher, que não é o mesmo que o do homem.
O MPF (Ministério Público Federal) registra oito casos de feminicídios [homicídio onde a vítima é morta pelo fato de ser mulher] por dia no Brasil. Sabemos que é muito mais. E essa discussão tem sido banida de espaços públicos e eclesiásticos”, afirmou a feminista.
O lançamento também teve a participação da feminista histórica Amelinha Telles, vítima dos porões do regime militar brasileiro, torturada e estuprada no subterrâneo do antigo DOI-CODI.
Ele criticou a falta de diálogo entre defensores de Direitos Humanos e das feministas. “É uma luta só. Somos mulheres conscientes de uma discriminação histórica. Somos desvalorizadas em qualquer espaço, inclusive no Parlamento”, afirmou a ativista. Ela também falou aos presentes que hoje atua politicamente para levar o feminismo para dentro dos Direitos Humanos e vice-versa.
“Defendemos as pessoas, sejam elas quem forem.” Amelinha também se diz temerosa em
relação ao atual cenário político brasileiro. Segundo ela, movimentos conservadores e extremistas preocupam e podem causar danos à liberdade democrática.
Também falou aos presentes a freira católica, teóloga, filósofa e feminista Ivone Gebara. “A escolha do tema do livro-agenda não é só de grande atualidade, mas de necessidade e importância. A obra é uma resposta ao fundamentalismo religioso que faz uma avalanche nas discussões”, afirmou.
Segundo ela, as igrejas têm espaço para discussões sobre igualdade de gênero. No entanto, ela é restrita a minorias religiosas. “Não devemos apenas falar da novidade, mas transformar em algo concreto. Não se permite nas igrejas que sejamos muitos lados ao mesmo tempo. Querem que sejamos a mesma regra que trai a diversidade da vida.”