O Salão Nobre da Câmara Municipal esteve repleto de crianças e adolescentes atendidas pela Associação Menino de Deus, da Freguesia do Ó, zona norte. Eles vieram na maior Casa legislativa do país na noite desta quinta-feira (15/9) para prestigiar a entrega do Título de Cidadão Paulistano ao padre Luigino Valentini. A iniciativa partiu do vereador Toninho Vespoli (PSOL).
“Aquilo que eu estou sentindo é um grande sentimento de gratidão. Porque a minha vida se realiza com esse trabalho, então mesmo que isso seja uma coisa importante, para mim é importante ver a beleza da vida que eu vivi nessa trajetória de muitos anos”, afirmou o homenageado.
Italiano nascido em Porto São Giorgio, padre Giggio, como ficou conhecido, chegou ao Brasil em 1967 e três anos mais tarde começou seus trabalhos pastorais em São Miguel Paulista, na zona leste da cidade. Mas foi em 1979 que deu inicio a sua principal ação social.
“Tudo começou quando duas crianças morreram após incêndio na favela. Elas estavam fechadas dentro do barraco e morreram queimadas. Então, diante desse fato, se juntou todo mundo da favela e eles pediram para gente construir uma creche para receber essas crianças. Daí ele [padre Giggio] começou a obra, que agora é uma obra grande, atende mais de duas mil crianças e jovens naquela região”, contou o padre Vando Valentini, da paróquia Nossa Senhora do Carmo, que na ocasião também representou o cardeal de São Paulo Dom Odilo Pedro Scherer.
O episódio relatado pelo padre Vando ocorreu na Favela Minas Gás, na Freguesia do Ó, zona norte. A partir dessa tragédia, padre Giggio deu início ao atendimento às crianças da região.
“São três projetos. Crianças de até cinco, depois de seis a quatorze e depois de quinze a dezoito anos. Ao todo, são 1.050 crianças que são atendidas. São quatro unidades, todas próximas da Avenida Nossa Senhora do Ó, bem no início”, relatou Silvia Brandão, que hoje preside da Associação Menino de Deus.
“A igreja no Brasil fez uma opção durante várias décadas e foi a opção pelos pobres. Eu acho que o padre Giggio carrega essa simbologia de olhar as pessoas mais necessitadas, as pessoas mais pobres, e não só ajudá-las de uma forma assistencialista, mas também fazer com que sejam protagonistas da sua história, ou seja, o mais importante é fazer criar consciência”, finalizou Vespoli, proponente da homenagem.
Esteve presente à homenagem o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro (PSDB).