O coordenador do Programa Redenção – projeto da Prefeitura para tratar dependentes químicos -, Arthur Guerra, defendeu nesta quinta-feira (30/11) um modelo que integre a abstinência e a redução de danos para tratar dependentes químicos. Durante a reunião da Subcomissão sobre Política de Drogas Envolvendo Cenas de Uso na Cidade de São Paulo, o psiquiatra apresentou algumas diretrizes da política na capital paulista.
De acordo com o especialista, os usuários decidirão qual o tipo de tratamento que irão fazer. “A atuação pode ser por abstinência ou redução de danos. Devemos ouvir os pacientes para saber o que eles querem. Precisamos ter essa flexibilidade. É fundamental que os grupos que defendem esses diferentes modelos conversem entre si”, disse ele.
Para o coordenador do Redenção, o trabalho em conjunto das diferentes secretarias será essencial nesse projeto. “O programa segue diretrizes de uma nova ação para prevenir e tratar as questões de drogas. Vamos ter um núcleo gestor com equipes multidisciplinares para os atendimentos”, disse Guerra.
O modelo do Programa Redenção foi elogiado pela presidente da Subcomissão, vereadora Patrícia Bezerra (PSDB). “Recebemos com alegria essas mudanças [o projeto defendia a abstinência como modelo de tratamento]. Para nós, é uma postura significativa”, afirmou a tucana.
A psicóloga e integrante do Conselho Municipal de Álcool e Drogas, Maria Angélica Comis, considerou interessantes as alterações do Programa Redenção. “Inicialmente, as mudanças não foram positivas. A palavra do doutor Guerra foi importante e positiva porque ele conseguiu alterar o plano. A mudança de discurso é boa. Restam dúvidas se ele [o plano] será colocado em prática”.
Questionado sobre a continuidade do Programa Braços Abertos – da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) – e o que será feito com os usuários atendidos nele, Guerra disse que “segue as diretrizes de uma nova ação, respeitando os pontos positivos do Braços Abertos”.
De acordo com o psiquiatra, os hotéis passarão da Secretaria Municipal da Saúde para a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. “Nenhuma pessoa que estava no Braços Abertos vai ficar desassistida”, disse ele.
Durante a reunião, o coordenador geral da Adesaf (Associação de Desenvolvimento Econômico e Social às Famílias), Genivaldo Linhares Brandão, entregou aos vereadores o relatório ‘Crack e outras drogas: o ineditismo e os resultados da política de redução de danos em São Paulo’ sobre o Programa Braços Abertos.
“As pessoas acharam o projeto positivo do ponto de vista dos benefícios que ele entrega, como capacitação para o mercado profissional. Ela permite aos usuários descobrirem habilidades”, disse. Para Brandão, o Redenção precisa de alguns “ajustes”. “Em relação ao trabalho, os usuários não estão preparados para participar do ‘Trabalho Novo’ [projeto criado para dar emprego aos sem-teto]. Eles não estão preparados para as exigências do mercado. As pessoas têm perfis diferenciados”, afirmou.
A vereadora Soninha (PPS) elogiou o modelo do Programa Redenção. “Que bom que o Arthur Guerra está na condução desse trabalho. No entanto, ainda há vários desafios. Não sei se as secretarias aderiram a essa maneira de trabalhar de maneira intersetorial”, disse.
A presidente da Subcomissão considerou importante o debate. “A Prefeitura está vendo que para corrigir a Cracolândia é necessária uma política de médio e longo prazo. Essa mudança de paradigma é essencial não só na região da Luz [centro] e sim em todas as Cracolândias que existem na cidade”, disse.
Adeririam seria o certo.
O Caps deixou de existir?