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Relações Internacionais aborda genocídio armênio e conflito de Nagorno-Karabakh

Por: ANDREA GODOY
DA REDAÇÃO

18 de abril de 2024 - 15:18
André Bueno | REDE CÂMARA SP

A Comissão de Relações Internacionais tratou sobre o genocídio do povo armênio e o conflito de Nagorno-Karabakh na reunião extraordinária desta quinta-feira (18/4) com o embaixador da República da Armênia no Brasil, Armen Yeganian, e a professora do departamento de Letras Orientais na USP (Universidade de São Paulo), especialista na área de Letras com ênfase em Armênio, Lusine Yeghiazaryan, autora do livro Genocídio armênio, protótipo do genocídio dos tempos modernos.

A reunião foi presidida pela vereadora Cris Monteiro (NOVO) que fez perguntas aos convidados para compreender a situação do país do extremo leste da Europa, começando pela economia.

O embaixador Armen Yeganian contou que em 2018 houve o início de uma revolução democrática visando o combate a corrupção, que trouxe reformas e desenvolvimento econômico, porém, apesar disso, continuou existindo insegurança ao redor do território armênio na região montanhosa do Cáucaso, Nagorno-Karabakh, de ocupação armênia em território Azerbaijão.

“Em 2020 houve uma guerra de 44 dias e ano passado o conflito resultou em uma limpeza étnica da população na região. Apesar de toda essa situação delicada, a posição do governo armênio é de paz, diálogo sustentado pelo primeiro-ministro. Não se trata de uma questão religiosa e sim da luta pelos direitos humanos, tanto é que a Armênia tem fronteiras com outros países muçulmanos com os quais mantêm boas relações”, descreveu Yeganian.

A professora Lusine Yeghiazaryan se pronunciou sobre o genocídio armênio, cujas vítimas são homenageadas no dia 24 de abril. O genocídio armênio foi marcado pela deportação e o extermínio, sistemático e planejado, de até 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano entre 1915 e 1918.

“O genocídio é a maior violação dos direitos humanos e universais e uma agressão direta aos princípios fundamentais incorporados na declaração universal dos direitos humanos. Eventos como esse despertam o debate na sociedade brasileira quanto à importância da prevenção de crimes de genocídios e ressalta a consciência de que todos os seres humanos nascem livres em dignidade e igualdade de direitos”, destacou.

Mostrando o mapa histórico da grande armênia no auge da ocupação territorial, Lusine explicou o que motivou o genocídio, afirmando que há mais de 3 mil anos eles ocupavam 300 mil km² do planalto armênio e atualmente a República da Armênia está reduzida a 1/10 do seu território histórico, em função do avanço do Império Otomano.

“Para a gente entender, a parte que a gente perdeu no genocídio armênio foi porque o Império Otomano era o mais poderoso do mundo, na época formado de mais de 60 povos e etnias e dentro das etnias os armênios eram os mais numerosos. Fomos os primeiros cristãos do mundo que aceitaram o cristianismo no ano 301, e isso determinou a história. Sua localização geográfica era uma encruzilhada de rotas e representava um enclave cristão no meio das potências que queriam islamizar essa região”, descreveu.

O genocídio armênio, de acordo com a professora, é visto como protótipo dos genocídios dos tempos modernos, por servir de modelo a todos que se seguiram no século XX, definido pelos historiadores como o século mais sangrento da humanidade apesar do avanço tecnológico. “No século XXI a humanidade se vê obrigada ainda a lidar com o fenômeno do genocídio com uma alarmante frequência”, alertou.

Ainda que passados 109 anos do genocídio armênio promovido pelo governo do Império Otomano, atual Turquia, Yeghiazaryan explicou que se trata de um crime de lesa-humanidade, que não se prescreve.

A vereadora Cris Monteiro ponderou que a reunião trouxe luz às questões da Armênia. “Foi o primeiro genocídio do século XX e precisamos trazer essas questões para que a educação e formação permitam que a gente não repita o que já aconteceu, o extermínio de um povo, essas guerras por espaços territoriais”, disse a parlamentar.

Estima-se que 100 mil pessoas da comunidade armênia vivam no Brasil, sendo cerca de 70 mil na cidade de São Paulo de acordo com o censo feito pelo Consulado da Armênia por ocasião do centenário do genocídio armênio. Veja a reunião completa aqui.

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