pixel facebook Pular para o conteúdo Pular para o rodapé Pular para o topo
Este é um espaço de livre manifestação. É dedicado apenas para comentários e opiniões sobre as matérias do Portal da Câmara. Sua contribuição será registrada desde que esteja em acordo com nossas regras de boa convivência digital e políticas de privacidade.
Nesse espaço não há respostas - somente comentários. Em caso de dúvidas, reclamações ou manifestações que necessitem de respostas clique aqui e fale com a Ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo.

Repórter do Futuro: “Jornalismo deve equilibrar poderes”

14 de abril de 2014 - 14:21

Categorias

Nivaldo Silva
reporter-do-futuro-abre

O jornalista Bruno Paes Manso, que publica o blog SP no Divã no site do jornal O Estado de S.Paulo, foi o palestrante deste sábado (14/4) no curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, do Projeto Repórter do Futuro. Durante os 80 minutos de sua fala inicial, Paes Manso detalhou aspectos da reportagem especial de seis páginas “Epidemia: o que cinco décadas de homicídios em São Paulo têm a ensinar”, que publicou em 2012. A matéria foi resultado de pesquisa e apuração pessoal que o repórter fez durante 13 anos e serviu de base para sua tese de doutorado no curso de ciências sociais da Universidade de São Paulo.

Paes Manso disse aos estudantes que o papel do jornalismo é contribuir para o equilíbrio entre os poderes e o exercício da cidadania. “Nossa missão é apontar problemas existentes nos poderes e nas instituições. Isso quer dizer olhar com viés crítico e fundamentar as reportagens com apuração rigorosa. Um simples erro de imprensa pode comprometer a credibilidade tanto do repórter como do veículo em que trabalha”, afirmou.

Para o jornalista, a lógica competitiva das empresas jornalísticas desafia o repórter a trabalhar com agilidade sem perder o foco na precisão das informações. Ele relembrou o caso da Escola Base, ocorrido há vinte anos, em que proprietários de uma instituição privada de educação infantil foram acusados de abusar sexualmente de crianças por pais de alunos. As investigações viraram um espetáculo midiático que levou ao fechamento da escola, mas os acusados foram posteriormente inocentados pela Justiça.

“Infelizmente, ainda não podemos dizer que erros como o da Escola Base não se repetirão, argumentou o repórter. Quando ocorre um furo de reportagem pelo veículo concorrente, é normal o jornalista ser pressionado para obter informações que permitam ao jornal recuperar-se da desvantagem. Nessa hora, é muito difícil o repórter sozinho resistir à obrigação de publicar. E, muitas vezes, acaba amplificando uma cobertura que começou inconsistente e está fadada a produzir erros que terão consequência sobre a imagem de instituições e a vida de pessoas que mais tarde, se descobrirá, eram inocentes.”

Na opinião de Paes Manso, para prevenir desvios como esse é preciso que tanto o repórter como seu editor sejam capazes de enfrentar as pressões e convençam o veículo de que não deve embarcar em uma cobertura sensacionalista motivado pela lógica concorrencial.

Debate público
Respondendo aos estudantes, o jornalista alertou para o fato de que a cobertura crítica da imprensa quase sempre é mal recebida por instituições como a polícia. Em sua opinião, a instituição não entende que a defesa da proteção de todo e qualquer cidadão de atos de violência por parte de agentes do Estado é um direito fundamental, garantido pela Constituição. “Sempre tenho de explicar que defender os direitos humanos não significa defender ‘bandidos’, como alguns costumar se referir ao trabalho dos jornalistas”, explicou.

O embate a que ele se refere teve um novo episódio na quinta-feira (10/4), quando publicou um post em seu blog respondendo a uma nota oficial da Polícia Militar que o ataca por ter feito críticas à corporação. No texto, Paes Manso rebate as afirmações e diz entender a resposta oficial como um convite público ao debate.

Ameaças a jornalistas
Perguntado se o trabalho investigativo na área de segurança pública já fez com que recebesse ameaças de morte, Bruno Paes Manso disse que não. “Hoje, receber ataques públicos pelas redes sociais é mais comum para quem faz jornalismo crítico. E, claro, processos judiciais que visam intimidar por causa dos gastos que se tem com defesa e uma eventual condenação em última instância. Mas há casos como do jornalista André Caramante, que teve de sair do país em 2013 para proteger a si próprio e à família. Para defender a profissão e fortalecer o jornalismo comprometido com valores e o interesse público, integro um coletivo com mais 12 colegas que em breve lançará um projeto de cobertura de segurança pública e direitos humanos.”

Na sexta-feira (11/4), a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República lançou o relatório do grupo de trabalho Direitos Humanos dos Profissionais de Comunicação no Brasil em reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, que completa 50 anos neste mês.

Sobre o curso
O curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, do Projeto Repórter do Futuro, é um projeto de complementação universitária em jornalismo. Gratuito, é realizado em parceria pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, a Oboré Projetos Especiais e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

(14/04/2014 – 12h04)

Outras notícias relacionadas

Ícone de acessibilidade

Configuração de acessibilidade

Habilitar alto contraste:

Tamanho da fonte:

100%

Orientação de acessibilidade:

Acessar a página Voltar