A primeira reunião de 2023 da Frente Parlamentar em Defesa do Carnaval de Rua, na noite desta quarta-feira (1/2), foi pautada pela cobrança dos participantes para que a tradição dos blocos de rua seja respeitada, no que diz respeito aos horários de desfiles e trajetos, e que a Polícia Militar não atue na dispersão desses blocos. Eles ainda pleitearam que a Prefeitura de São Paulo dê garantias para que não ocorram casos de violência policial contra os foliões de rua.
Na abertura dos trabalhos, a vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL) informou que se reuniu, mais cedo nesta quarta, com representantes do Executivo responsáveis pela realização do carnaval para apresentar as demandas colhidas pela Frente Parlamentar. Um dos pontos destacados no encontro foi a necessidade de respeitar a tradição dos blocos, seja em relação aos horários de desfiles, seja nos trajetos.
A demanda foi apresentada pois a Prefeitura padronizou os desfiles e colocou um horário fixo para a dispersão de todos os blocos. “O carnaval de rua tem um protagonismo dos blocos que são tradicionais e esses blocos têm os seus horários, têm o seu percurso, seu trajeto, seu dia de sair. Então isso tem que ser respeitado. Não pode haver uma regra que tente encaixar esses blocos num outro esquema”, sinalizou Silvia.
O respeito à tradição está diretamente ligada ao receio da atuação da polícia militar na dispersão dos blocos de rua, outro tópico abordado na reunião com o Executivo. O medo é da ocorrência de casos de violência contra foliões de rua ou blocos menores, principalmente os mais tradicionais que eventualmente realizarão seus trajetos fora do circuito ou do horário estabelecido pela Prefeitura. “A Polícia Militar está tentando mandar nos blocos dizendo que não podem sair tal horário. Então, o que queremos é que seja respeitada a tradição dos blocos de rua de São Paulo e que não haja nenhum tipo de repressão policial”, reforçou a vereadora.
O temor quanto à violência policial contra os foliões e os blocos de rua também foi manifestado pelos presentes na reunião. “Eu acho que a violência policial vai ser um tema muito recorrente nesse carnaval. Eu acho que vai ser o carnaval mais violento que teremos, infelizmente. E eu acho que não pode parecer que não estamos preocupados com isso. Por isso, eu acho que é importante esse momento de estarmos aqui juntos, da Frente Parlamentar, de podermos falar sobre isso, porque não pode parecer, depois que passar o carnaval, que nós simplesmente [ignoramos]. ‘Ah, nossa, olha o que aconteceu’. Não, estamos cientes do que vai acontecer e é por essa razão que estamos conversando”, disse Juliana Matheus, integrante do Bloco Feminista.
Além destes pontos, a vereadora Luana Alves (PSOL), integrante da Frente Parlamentar, se mostrou receosa com o processo de comercialização do carnaval de rua da capital, principalmente com o incentivo aos megablocos patrocinados por grandes empresas em detrimento aos blocos tradicionais, e suas consequências à festa. “Quando falamos de comercialização do carnaval, falamos da prática de grandes empresas, principalmente a empresa que vai ser patrocinadora oficial, de ter uma política de preço, de ter uma política urbana que é o interesse privado do que o interesse do bloco de rua”, alertou Luana, exemplificando a questão com a política de preços comumente praticada nos megablocos, nos quais a cerveja comercializada é mais barata do que a água.
Em paralelo, ela apontou a necessidade de implementação de iniciativas voltadas à saúde dos foliões, com destaque às ações de contenção de danos. “Quando falamos em redução de danos, falamos sobre educação em uso de substâncias, sem moralismo, sem melindre e falando isso de forma tranquila. Por exemplo, tem substância que não é bom misturar. E é bom a Prefeitura falar isso abertamente com as pessoas. Quando tomamos álcool, é bom às vezes tomarmos água também. E isso também é algo bom para a Prefeitura falar sem moralismo para as pessoas. Estamos procurando que isso seja feito, para que essa campanha seja feita”, comentou. “Queremos que isso aconteça, inclusive, para conseguirmos garantir a saúde da população, em especial da juventude”, concluiu a vereadora.
A íntegra da reunião pode ser conferida no vídeo abaixo:
Primeiro fato a perguntar: Só há políticas do PSOL nessa frente? Cadê o vereador Rodrigo Goulart?
Gostaria de saber quantos casos de violência policial em bloquinhos de carnaval já foram registrados até o momento. Caso a vereadora Silvia não os tenha em mãos, fica a pergunta: por que presume que haverá violência?
O horário para começar e acabar é extremamente necessário, tanto para os foliões se planejarem, quanto para os moradores, afinal, os últimos que não gostarem podem pensar em programas alternativos nesse período de tempo.
Sobre a comercialização há um ponto interessante, mas me parece que a outra alternativa seria a Prefeitura pagar tudo. Ou seja, todo e qualquer contribuinte, mesmo os que não frequentam o bloquinho – a maioria diga-se de passagem – teria de pagar. É claro que a cidade tem outras prioridades, basta andar no Viaduto Maria Paula ao lado da casa para perceber isso.
Por fim, penso que a Frente deve deixar claro o valor que se está gastando nisso tudo, principalmente dinheiro público, uma vez que, mesmo que o poder público não banque diretamente, policiais e garis são pagos pelo contribuinte, não?