As ações de combate ao coronavírus na capital paulista dominaram o
debate da Reunião Extraordinária Virtual, promovida pela Comissão de
Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher na tarde desta quinta-feira
(16/4). Os trabalhos foram conduzidos pela presidente da Comissão,
vereadora Patrícia Bezerra (PSDB).
O encontro foi realizado por videoconferência e contou com a participação
de todos os membros da Comissão de Saúde. Além da presidente Patrícia
Bezerra, colaboraram com a reunião os vereadores André Santos
(REPUBLICANOS), vice-presidente da Comissão, Celso Giannazi
(PSOL), Gilberto Natalini (PV), Juliana Cardoso (PT), Milton Ferreira
(PODE) e Noemi Nonato (PL). Integrante da Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica, o vereador Paulo Frange (PTB) também participou da reunião.
Para falar sobre as medidas adotadas no enfrentamento da Covid-19 na
cidade de São Paulo e esclarecer as dúvidas dos vereadores, o secretário
municipal de Saúde, Edson Aparecido, atendeu ao convite dos integrantes
da Comissão e também participou da reunião. No início do encontro, os
parlamentares fizeram uma série de questionamentos sobre as ações do
município.
Testes
De acordo com o secretário municipal de Saúde, a testagem dos casos
sempre foi considerada importante pelo município, já que é ela
fundamental para saber quem precisa ser isolado. “Agora nós compramos
mais 110 mil testes. A secretaria de Saúde do Estado recebeu um conjunto
de testes que adquiriu e estamos aguardando mais testes do Ministério da
Saúde”.
O secretário Edson Aparecido explicou ainda o motivo da dificuldade de
conseguir os testes. “É um mercado (China) só, é quase que um fornecedor
só a questão do teste. É o mundo inteiro querendo comprar”.
Acordos com laboratórios
Para ampliar o número de testes no município, o secretário explicou o que
está sendo feito. “Fizemos um acordo com cinco laboratórios. Vamos ter
600 testes diários RT-PCR (biologia molecular), não é teste rápido. E
também fizemos uma reestruturação em dois laboratórios nossos e já
começamos amanhã (17/4) com mais mil testes diários”.
Mapeamento dos casos na cidade
Edson Aparecido falou sobre como é realizado o trabalho para mapear os
casos confirmados e suspeitos na capital. “Eu tenho um
georreferenciamento de todos os casos, mesmo com a deficiência de
testagem, de suspeitos e confirmados, dos hospitalizados e também temos
os dados consolidados de todos os óbitos da cidade, dos 96 distritos”.
Subnotificações
O secretário também respondeu aos questionamentos sobre as
subnotificações na cidade. Segundo ele, até o dia 15 de abril foram
registrados aproximadamente 1.070 óbitos na capital por síndrome
respiratória grave.
“São pessoas com sintomas clínicos de Covid-19, que foram testadas, mas
não temos o resultado dos testes. Não dá para não considerar esses óbitos,
porque a estratégia de saúde epidemiológica e sanitária da cidade fica
comprometida se eu não levar em conta esses quase dois terços a mais de
mortos que eu ainda não tenho o resultado do exame, mas os nossos
profissionais de saúde apontam como 99% de chance de ser Covid-19”.
Novos leitos de UTI
Sobre a estrutura para atender aos pacientes, Edson Aparecido disse que
além dos atuais 507 leitos de UTI existentes, houve adaptações nos 19
hospitais da cidade. “Transformamos noves deles em hospitais de
referência Covid-19 (Itaquera, São Miguel, Mooca, Jabaquara, Pirituba,
M’Boi Mirim, Parelheiros e Tatuapé). Com essas mudanças, nós
agregamos à rede 378 leitos novos de UTI. Até o final de abril serão 585
novos leitos de UTI só Covid-19. E até o final de maio, serão mais 653
leitos”.
O secretário destacou que há, ainda, mais 10 leitos de UTI no hospital de
campanha do Pacaembu e outros 70 no do Anhembi.
Novos leitos de baixa e média complexidade
Em relação a instalação de novos leitos de baixa e média complexidade,
Edson disse que também foram feitas reformulações em hospitais
municipais. “Acrescentamos mais 194 leitos de enfermaria para Covid-19.
Além disso, nós tivemos uma doação (da iniciativa privada) e estamos
construindo uma ala nova no M’Boi Mirim para 100 leitos de enfermaria,
que ficará como estrutura definitiva”.
O secretário também disse que a equipe de saúde analisa outros locais da
capital paulista que possam ser utilizados como apoio.
Equipamentos de Proteção Individual
O secretário também foi questionado sobre os EPIs (Equipamentos de
Proteção Individual). “Nós compramos 12 milhões de máscaras de
pequenas fábricas que readaptaram suas produções. Agora estamos
comprando uma quantidade de máscaras acrílicas. E além dos 12 milhões
de máscaras cirúrgicas, compramos mais dois milhões de máscaras N-95.
Luva a gente tem, avental a gente tem. Estamos usando os equipamentos de
acordo com o protocolo do Ministério da Saúde”.
Edson falou que o uso de máscaras aumentou nas últimas semanas. “Nós
consumíamos 250 mil máscaras cirúrgicas por mês. Agora são 500 mil por
semana”.
Respiradores
De acordo com o secretário, a cidade conta atualmente com 864
respiradores. “Temos 36 quebrados, que serão consertados. Conseguimos
420 respiradores para os leitos novos que estamos implantando. E
participamos de uma compra conjunta com o Estado, que comprou dois mil
respiradores. O governo do Estado (de São Paulo) comprou dois mil e nós
compramos do governo do Estado 500 respiradores”.
Profissionais da saúde da cidade de SP
Durante a reunião, o secretário apresentou um balanço dos casos
confirmados, de afastamentos e também de mortes entre os profissionais da
saúde do município. “No total da secretaria são 71.922 pessoas. 532 com
Covid-19, 3.333 afastadas e 11 mortos. Média de afastamento de 4,85”.
Região periférica
Edson Aparecido falou ainda sobre a preocupação com as pessoas que
vivem nas áreas periféricas da cidade de São Paulo. “Essa questão da
periferia é o grande desafio. Todos os hospitais estão na periferia. Os
hospitais de campanha recebem gente da cidade inteira”.
O secretário ressaltou a importância do isolamento social. “Vamos precisar
evoluir em equipamentos ou situações que possam ajudar no isolamento
domiciliar. Vamos fazer um agora, especificamente em Heliópolis, junto
com o Estado. O isolamento domiciliar na periferia é uma preocupação do
prefeito (Bruno Covas) ”.
Isolamento domiciliar
Edson Aparecido disse também que a Prefeitura de São Paulo quer utilizar
escolas e hotéis para promover o isolamento social de comunidades. O
secretário citou como exemplo o Centro de Educação e Cultura Indígena,
em Jaraguá, Zona Norte. “Acabamos de decidir que vamos utilizar a escola
municipal, a CECI, para fazer o isolamento domiciliar da aldeia. Isso deve
se repetir em outras áreas”.
No fim do encontro, a vereadora Patrícia Bezerra colocou à disposição o
trabalho da Comissão de Saúde para colaborar no enfrentamento da Covid-
19. “Se o senhor ver a alguma possibilidade de a gente contribuir de
alguma outra forma é só entrar em contato conosco, que a gente vai
contribuir com o trabalho da secretaria no município de São Paulo”.