Especialistas, servidores e representantes de entidades da área da Saúde participaram de uma roda de conversa nesta sexta-feira (7/7) na Câmara Municipal de São Paulo. O objetivo foi fazer um balanço dos seis primeiros meses da gestão do prefeito João Doria (PSDB).
O bate-papo, realizado na Sala Sérgio Vieira de Mello, teve a iniciativa da vereadora Juliana Cardoso (PT). “Pela Constituição, o SUS deve oferecer saúde gratuita e de qualidade para todos. O problema é que cortes na área impactam diretamente a população. O nosso intuito é avançar nessa discussão, principalmente nos bairros e nas regiões que tanto sofrem com um Sistema Único de Saúde que não funciona”, disse.
Os cortes na Saúde mencionados pela vereadora foram um dos principais temas do bate-papo. No início do ano, a Prefeitura anunciou o congelamento dos recursos da área em mais de 20%. O vice-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo, Leandro Oliveira, pediu mais diálogo com a administração municipal.
“Qualquer corte ou ajuste pode comprometer o funcionamento dos serviços e unidades de Saúde. É preciso, antes de tudo, diálogo com os conselhos municipais do setor para evitarmos a descontinuidade de serviços e encontrarmos uma saída”, afirmou.
Para a médica sanitarista do SUS Karina Calife, mestre em medicina preventiva pela USP (Universidade de São Paulo), os problemas precisam ser abordados com algumas prioridades.
“A grande importância é que a gente nunca perca de vista a questão do bem comum. De poder trabalhar para a população mais carente e garantir a continuidade do que já foi conquistado, como as farmácias nas UBS’s, a atenção especial a dependentes químicos, e a assistência a mulheres vítimas de violência. São coisas que qualquer gestão tem que fortalecer”, avaliou.
Na mesma linha de Karina, o médico da área de família e comunidade Stephan Speing pediu foco especial no atendimento primário (feito em postos de saúde), especialmente aos mais pobres.
“Num cenário econômico vulnerável, em que as pessoas estão perdendo poder aquisitivo, emprego e convênio médico particular, fortalecer a atenção primária se faz fundamental. É preciso aumentar e universalizar a cobertura básica como uma resposta a esse momento delicado em que vivemos, principalmente nas regiões de periferia”, disse.
A doula (assistente de parto) e militante dos direitos sexuais e reprodutivos Erika Sato afirmou que está preocupada com a diminuição do número de leitos nas maternidades.
“Nós estamos preocupadas porque tivemos no começo do ano o fechamento da Santa Casa de Santo Amaro, que não é municipal, mas atendia pessoas do município. O problema é que se tivermos mais baixas o sistema pode ficar totalmente sobrecarregado”, alertou.
Érika, por outro lado, aproveitou para comemorar a aprovação do primeiro curso de doulas promovido pelo SUS. As aulas, que devem começar no dia 16 de agosto, terão como público alvo profissionais, conselheiras e voluntárias do Sistema Único de Saúde. “É o primeiro grande passo porque acreditamos que com isso se instaura uma política pública promissora do SUS”, celebrou.