Representantes de empresas aéreas, da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), da Secretaria do Verde e da sociedade civil participaram nesta quarta-feira de audiência pública convocada pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente para debater o problema de ruído no entorno do aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo.
Congonhas é hoje um problema, mas pode vir a ser um grande exemplo, afirmou Rogério Benevides, do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias. Segundo ele, é primordial a consolidação de um sistema permanente de controle de ruído, como forma de dar início a uma política específica para a região.
Benevides disse ainda que em outros países, processos como esse são conduzidos pela comunidade local e municipalidade, como deveria ocorrer em São Paulo.
O vereador Paulo Frange (PTB), presidente da comissão de Política Urbana, criticou a pouca atuação do governo municipal na questão aeroportuária. Ele ainda questionou a postura da Infraero, um órgão federal, que não cumpriu exigências da Secretaria do Verde no sentido de realizar testes de ruídos para regulamentar a situação de Congonhas.
A Anac, representada na audiência pública por Alexandre Filizola, também defendeu a opinião de que a municipalidade tem um papel fundamental na mitigação dos ruídos no entorno de aeroportos.
No caso de Congonhas, ele afirmou que a situação não pode ser totalmente remediada, uma vez que a região do aeroporto já possui um grande número de construções, porém há outras formas de diminuir os transtornos, como a criação de rotas alternativas para as aeronaves.
Filizola descartou uma diminuição ainda maior do horário de funcionamento de Congonhas pelo menos por enquanto, pois segundo ele tanto este aeroporto quanto os de Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas, não têm atualmente condições de absorver o movimento do “principal aeroporto de negócios do Brasil”.
Mitigação
Segundo Alexandre Filizola, é impossível solucionar o problema do ruído, mas devem ser estudadas estratégias de atenuação. Algumas, já implantadas, foram a proibição do tráfego de determinados modelos de aeronaves e a adoção de técnicas específicas de pouso e decolagem que produzem menos barulho.
Além disso, segundo Rogério Benevides, as aeronaves mais modernas já são mais silenciosas, e procedimentos ruidosos, como testes de motor, não são realizados em Congonhas.
Tanto Alexandre Filizola quanto Marcos Juliano, engenheiro especializado em ruídos que esteve na audiência pública, afirmaram que a construção de barreiras acústicas não é viável e tampouco é eficiente na mitigação da poluição sonora para Congonhas.
Ambos concordaram que, para as residências, a instalação de janelas anti-ruído pode solucionar boa parte do problema. Edwaldo Sarmento, da Associação de Moradores da região, sugeriu durante a audiência que os usuários do aeroporto pagassem uma taxa destinada a esse fim, até que todas as residências da região estejam devidamente protegidas.
(11/05/2011 – 14h14)