O município de São Paulo tem 781 áreas contaminadas e as que oferecem maior risco à saúde dos moradores são as de Vila Carioca, Keralux, Nitroquímica e Jurubatuba. As informações foram dadas pela diretora da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), Inês Suarez Romano, aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Danos Ambientais, em reunião realizada, nesta terça-feira (24/3), no Plenário da Câmara Municipal. Inês informou ainda que, na região do Jurubatuba, 24 poços de águas profundas foram interditados e que outros 151 são monitorados pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) a cada seis meses. Entre eles estão os poços das empresas de água mineral Petrópolis e Cristalina. “De acordo com os laudos das análises realizadas nesses poços não foram encontrados contaminantes”, disse a representante da Covisa.
Ela destacou que a Petrópolis está coletando água em outro nível, distante daquele em que havia contaminação, mas confirmou que em 2005 os proprietários impediram a entrada de técnicos da Covisa na empresa.
A diretora da Covisa, no entanto, não apresentou nenhum laudo, nem mesmo parcial, a respeito de como se encontra a saúde dos moradores na área contaminada. “Na verdade, eles (Covisa) não têm nenhum laudo. Primeiro, porque são recentes e, em segundo, porque não tem suporte técnico para fazer esse trabalho na cidade de São Paulo. São pessoas muito esforçadas, mas infelizmente não preparam profissionais para esse tipo de trabalho e, por isso, não têm o que apresentar”, desabafou o vereador Ítalo Cardoso (PT).
Mais uma vez Cardoso não ficou satisfeito com as informações dadas pelos técnicos da Covisa. "Nesta reunião consegui aprofundar o desconhecimento do problema, pois cada vez que eles falam menos a gente entende a lógica de trabalho do governo para enfrentar essa questão da contaminação existente em áreas de São Paulo”.
E mais: “Em 12 anos, a Cetesb fez apenas 16 monitoramentos na região. Foi de 1981 a 1993, mas só em 2001 é que foi descobrir que havia área contaminada no Jurubatuba. Ou seja, a falta de diálogo, a falta de contato entre os órgãos que têm a responsabilidade de tratar do assunto.
O parlamentar lembrou que na reunião da semana passada da CPI denunciou que as placas, determinadas pela Cetesb, colocadas na cerca da Nuclemon, indicando que ali é uma área radioativa, haviam sumido. “Agora, as placas reapareceram. Se existisse um contato entre um órgão e outro um poderia fiscalizar e exigir a reposição das placas”.
O vereador Marco Aurélio Cunha (DEM) é da mesma opinião. “Ficou claro que todas as pessoas que trabalham de forma devotada têm dificuldade de comunicação entre os órgãos competentes. Creio que se não houver uma sintonia as decisões ficam muito demoradas, especialmente no dano ambiental, onde para criá-lo é um segundo, mas para analisá-lo e recuperá-lo são anos.
Para o parlamentar, é necessário se fazer uma metodologia, para que os governos federal, estadual e municipal fiquem mais interligados, permitindo que ações seja agilizadas.
A CPI é integrada pelos vereadores Antonio Goulart (PMDB), Alfredinho (PT), Milton Ferreira (PPS), Ítalo Cardoso (PT), Penna (PV), Marco Aurélio Cunha (DEM), Paulo Frange (PTB), Agnaldo Timóteo (PR) e Juscelino Gadelha (PSDB).
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