O secretário de Comunicação da prefeitura Nunzio Briguglio Filho garantiu nesta quarta-feira (6/7) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar irregularidades na gestão do Theatro Municipal que não tem nenhum envolvimento com o esquema que teria causado prejuízo de R$ 15 milhões aos cofres públicos.
O representante da pasta foi citado na delação premiada do ex-diretor do Theatro, José Luiz Herencia, por ter se empenhado na contratação do espetáculo de uma companhia estrangeira, na qual a instituição teria pago até 150 mil euros. O grupo foi contratado, mas o serviço não foi prestado.
Briguglio reconheceu o envio do e-mail apresentado pela CPI como prova, no qual ele faz contato com a companhia, mas disse que fez com a intenção de divulgar a cidade no exterior. Ele negou que tenha determinado a contratação ou qualquer tipo de pagamento ao grupo.
“O maestro John Neschling deu a ideia de fazer o espetáculo com o grupo catalão ‘La Fura dels Baus’, e identifiquei uma oportunidade de marketing da cidade e a possibilidade de financiamento, caso eles nos apresentassem um projeto. Esse foi o único papel da secretaria. Não tinha nenhuma informação sobre o pagamento feito, porque não foi feito pela minha secretaria, e sim pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural”, disse o secretário
Para ele, Herência, por ser réu confesso, está querendo tumultuar a situação. “Ele está desesperado e sabe que eu sou próximo ao prefeito [Fernando Haddad] e ao maestro [ Neschling], e quer tumultuar e aparecer como herói. Ele tem que pagar pelo que fez. Todos os que foram apontados com falhas na gestão Haddad foram afastados e estão sendo processados. Precisamos dar menos ouvido a pessoas que estão em delação premiada e estão com o pé na porta da cadeia”, acrescentou.
Apesar das explicações, os vereadores da CPI decidiram entrar com uma representação no Ministério Público para que seja investigada a participação do secretário de Comunicação no pagamento de serviços nunca realizados, bem como o fato de ele ter interferido em atividades que não eram de sua pasta.
Para o relator da CPI, vereador Alfredinho (PT), o depoimento do secretário foi fundamental para os trabalhos do colegiado. “Foram muito importante os esclarecimentos, eles irão enriquecer o relatório. O Briguglio respondeu com segurança e colaborou para o andamento dos nossos trabalhos”, argumentou.
O presidente da CPI, vereador Quito Formiga (PSDB), sinalizou que Briguglio não esclareceu nada. “Fizemos essa representação por considerar um ato de improbidade administrativa, porque ele enviou um documento para uma empresa espanhola garantindo que seriam pagos determinados valores. O secretário deveria ser afastado porque temos muitas provas, mas essa é uma decisão que cabe à prefeitura”, disse.