RenattodSousa
A Câmara Municipal de São Paulo sediou nesta segunda-feira (18/04) o seminário O crack e o enfrentamento social, legal e político, evento que debateu estratégias, resultados e perspectivas nos âmbitos da saúde, legislação e políticas públicas a respeito da droga.
O vereador Claudio Fonseca (PPS), responsável pela realização do debate, falou sobre a importância da discussão. A Câmara não pode ficar indiferente a esse problema social e de saúde pública. O crack precisa receber um enfrentamento social, econômico e político. É importante que debatamos um conjunto de ações que envolva o governo municipal, estadual e a União e que dê a essa questão o tratamento que ela merece. disse.
Participaram do debate os psiquiatras Ronaldo Laranjeira, da UNIFESP, e Thiago Marques, coordenador do setor de adultos do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, além do promotor de Justiça da área de Saúde Pública Reynaldo Mapelli Junior.
A mesa foi mediada pela ex-vereadora Soninha Francine. Segundo ela, eventos como esse são importantes para que as pessoas envolvidas possam trocar informação e experiência. No atual estado de coisas, a universidade não sabe o que a política faz e vice-versa, por isso montamos essa mesa tão ampla, para que um inspire e informe o outro. É um assunto que preocupa e angustia a todos.
Para Laranjeira, a chamada cracolândia tem que ser dissolvida. Não é uma solução policialesca. Temos que criar um sistema para tirar essas pessoas da rua. Não é para prender, mas evitar que elas sejam presas e enviá-las para um sistema complexo de auxílio social e psicológico. Se formos mesmo resolver, temos que investir substancialmente na criação dessa rede social, disse o psiquiatra.
Marques explicou que depois de algum tempo de dependência, o crack deixa de dar prazer para o usuário e simplesmente alivia o sofrimento do corpo. Ele demonstrou ainda como a psiquiatria define quem é dependente de drogas: esse indivíduo apresenta alta tolerância, precisa de cada vez mais, sofre de abstinência e eleva o consumo por período de tempo prolongado e por quantidades maiores que o planejado.
O médico lamentou o fato de não existirem estudos sobre remédios ou tratamentos para os usuários de crack e explicou que isso acontece porque é um processo lento, e lidar com os pacientes dependentes torna o estudo mais difícil.
O promotor Mapelli criticou seus colegas (da promotoria) que apenas fazem processos e ficam atrás da mesa no escritório. Para ele, a função de um promotor nos dias de hoje é deixar o gabinete, entender os problemas da sociedade civil e apresentar elementos jurídicos para auxiliar na elaboração políticas públicas que os combatam.
Mapelli Junior defendeu os direitos que os dependentes têm por sua condição especial: o melhor tratamento no sistema de saúde, tratado pelos meios menos invasivos possíveis.
Estiveram presentes na platéia o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e representantes de diversas entidades de saúde, enfermagem, psiquiatria e de auxílio e tratamento a dependentes químicos, além de oficiais da Guarda Civil Metropolitana.
(18/04/2011 – 21h30)
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