O Salão Nobre da Câmara Municipal recebeu nesta quinta-feira um seminário sobre combate à discriminação racial, evento que integra as atividades do mês da Consciência Negra do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep-SP).
A mesa de abertura do evento foi conduzida pela presidente do Sindsep-SP, Irene Batista, que disse que um dos objetivos do seminário é o de fomentar o debate através da apresentação de dados que comprovam que mesmo no setor público existe a discriminação racial. O que acontece lá dentro é velado, nós vemos que a ascensão de negros e negras é muito mais difícil, mesmo sendo maioria, disse.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, Adi dos Santos Lima, a questão racial está intimamente ligada ao mercado de trabalho, e por isso deve ser discutida nos sindicatos. Não queremos fazer um debate sobre a cor, e sim ver por que, se somos maioria, não vemos gerentes de banco negros, mas dentro das fábricas os negros são maioria, observou. Não estamos pedindo casa de graça ou décimo quarto salário. Estamos pedindo dignidade, completou.
Lima elogiou ainda a forte presença de sindicalistas no seminário, pois reconheceu que a mobilização acerca desse tema é mais difícil. A questão econômica e a campanha salarial costumam juntar muita gente, mas questões sociais costumam ficar em segundo lugar na agenda, argumentou.
A secretária de Finanças do Sindsep-SP, Paula Leite, explicou que a conscientização dos trabalhadores e o início do enfrentamento da discriminação passa também pela mudança da própria militância. Três anos atrás, vimos que era necessário um trabalho para inserir mulheres nas secretarias e conscientizar os companheiros em sindicatos. Ela faz uma avaliação positiva do processo que, segundo ela, trabalhou na formação dos dirigentes sindicais através de convênios.
Por último, a secretária de Políticas Sociais e Eventos do Sindsep-SP, Nilza Anézio, realizou a leitura do poema Linhagem, de Carlos Assumpção:
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Me envia mensagens do orum
Meus dentes brilham na noite escura
Afiados como o agadá de Ogum
Eu sou descendente de Zumbi
Sou bravo valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins
(8/11/2012 – 12h41)